Um homem, de 48 anos, suspeito de abusar da filha por uma década em Belo Horizonte também é investigado por suspeita de ameaçar e perseguir a vítima, hoje com 25 anos. Ele foi preso 12 anos após a primeira denúncia.
“Essa prática de novos crimes foi ela quem deu substrato jurídico para decretação da prisão preventiva naquele outro processo que já tinha sido encaminhado para a Justiça, em que o pai havia sido indiciado pelos abusos sexuais com relação à sua filha”, disse a delegada Carolina Bechelany, chefe do Departamento de Investigação, Orientação e Proteção à Família (Defam).
O homem foi detido na madrugada desta quarta-feira (18), data em que é lembrado o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
“Os abusos começaram quando eu tinha uns 3 anos, tinha um shortinho vermelho e listrado e lembro dele esfregando as partes íntimas em mim. Quando eu entrei na adolescência, precisava de um uniforme escolar e meu pai disse que só compraria se eu deixasse ele me chupar”, diz a jovem que ainda tem viva as lembranças desse período de pesadelo.
Foi justamente quando ocorreu o episódio envolvendo o uniforme que ela tomou coragem para contar para a mãe sobre os abusos que vinha sofrendo desde a infância.
“Minha mãe pediu para eu gravar, ele repetiu isso e fomos à delegacia”, contou.
De acordo com a Polícia Civil, após a jovem ter registrado a denúncia contra o pai – ainda adolescente – todos os procedimentos foram realizados. “Naquele momento não tinham requisitos para efetuar a prisão dele, mas as investigações foram realizadas, ele foi indiciado e virou procedimento criminal”, explicou a delegada Renata Ribeiro, chefe da Divisão Especializada em Atendimento à Mulher ao Idoso e a Pessoa com Deficiência e Vítimas de Intolerâncias.
Durante todos esses anos, Mariana não conversou com o homem. Em janeiro deste ano, ela conseguiu uma medida protetiva após o pai se mudar para a mesma rua em que ela mora.
“Ele está sendo investigado pelo crime de ameaça e de stalker. O que significa isso? Ele persegue essa filha, ele a acompanha o tempo todo e ela está se sentindo ameaçada em razão desse comportamento. Então, em razão dessa nova investigação que houve a decretação da prisão no primeiro inquérito em que ele foi investigado”, diz Carolina Bechelany.