A Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, prendeu na manhã desta segunda-feira (17) um guarda municipal do Rio de Janeiro por estupro.
De acordo com a polícia, Aselmo José da Silva, de 55 anos, foi preso após decisão judicial por abusar de uma mulher no dia 14 de março. Ele ainda é investigado por um outro estupro, com as mesmas características, contra outra vítima no dia 18 de fevereiro.
As duas, que o reconheceram em imagens de câmeras de segurança, contaram que Aselmo usava uma balaclava — uma espécie de gorro longo — para esconder o rosto.
Agentes da Deam também cumpriram mandados de busca e apreensão em sua casa e em seu local de trabalho, o posto da Guarda Municipal no Parque Madureira.
De acordo com as investigações, a vítima mais recente voltava do trabalho, por volta da 1h, quando foi abordada no portão de casa na Rua Havaiana. Armado com um revólver, Aselmo, que também mora na rua desde a infância, a levou a um imóvel abandonado na mesma via, onde cometeu o estupro. A ação durou cerca de 50 minutos, e depois Aselmo mandou a mulher contar até 100, sob ameaça de morte, antes de sair do imóvel.
O relato das mulheres e o avançar das investigações demonstraram que o acusado tomava outros cuidados para não ser descoberto. Além da “touca ninja” e de preservativos, ele não tirava a camisa em momento algum, usou luvas em uma das vezes e chegou a quebrar uma das câmeras da rua para não ser flagrado.
“Acreditamos que ele premeditava e planejava os ataques e tinha certa experiência no que estava fazendo. Também trabalhamos com a hipótese de que não tenham sido apenas duas vítimas”, explicou a delegada Bárbara Lomba.
Estupro no carro
No crime de fevereiro, que segue sendo investigado pela Deam e ainda não foi relatado à Justiça, Aselmo, afirma a polícia, rendeu um casal em um carro parado na Rua Havaiana e ordenou que o motorista pulasse para o banco de trás. Ele teria dito que precisava de um “bonde” para sair do local.
Logo após dirigir poucos metros, porém, trancou o homem porta-malas e foi estuprar a mulher, ameaçando-a com um revólver. Após o abuso, falou para as vítimas não fazerem nada, “já que os conhecia”.
Neste dia, segundo a polícia, Aselmo também estava de balaclava e usou luvas para evitar impressões digitais no veículo.
Dezenas de câmeras analisadas
Para reconstruir o estupro de março, os investigadores montaram um quebra-cabeça a partir de uma única imagem coletada na Rua Havaiana. Nela, aparecia um homem com uma camisa do Flamengo e a balaclava, conforme a vítima havia relatado em seu depoimento.
Os policiais partiram então em busca de outras imagens que pudessem esclarecer os momentos antes e depois do crime. Durante as investigações, os agentes da Deam de São João de Meriti visitaram mais de 60 locais na região, arrecadando cerca de 30 câmeras de segurança. Foram analisadas mais de 50 horas de imagens de um raio de 3 quilômetros.
“Conseguimos rastrear todo o caminho realizado pelo criminoso, antes, durante e após a prática do crime”, explicou Bárbara.
Nas dezenas de imagens coletadas foi possível reconstruir o trajeto do suspeito principalmente depois do crime. Ele passou a percorrer as ruas da região, ainda de balaclava, por horas. Mas em determinados momentos foi possível flagrar Aselmo retirando a touca, principalmente com a aproximação de veículos ou em locais de movimento. Ele também aparece sem camisa, o que acabou revelando detalhes do seu porte e características específicas.
Jeito de andar e tatuagem
Os investigadores passaram a ouvir moradores da localidade. Duas pessoas compareceram à delegacia e reconheceram o jeito de andar do criminoso, que, segundo eles e de acordo com as vítimas, é bem peculiar, já que os braços estão sempre em movimento.
As testemunhas afirmaram ser Aselmo o homem flagrado por diversas câmeras logo após um dos crimes — tanto com o rosto encoberto quanto sem a balaclava.
Em algumas imagens mais próximas, quando o acusado já estava sem camisa, um outro detalhe chamou a atenção dos investigadores. “Ele tem uma tatuagem peculiar no braço direito. E algumas imagens mostram bem isso. Talvez essa era a preocupação dele em não tirar a camisa durante os atos”, completou Bárbara Lomba.