NÃO HÁ ‘OSTRACISMO’ EM RIO DAS OSTRAS

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Em sentido figurado, a palavra “Ostracismo” significa “isolamento” e teria derivado do vocábulo “Ostra”, que atualmente denomina um delicioso, sofisticado – e caro — molusco. Mas, definitivamente, o “ostracismo” não faz parte da história de Rio das Ostras até mesmo porque é praticamente impossível ficar – ou sentir-se – isolado numa cidade com tantas atrações culturais, praias e uma vasta gastronomia, por exemplo.

Não há ostracismo em Rio das Ostras, ao que parece, nem mesmo na política, como acontecia na antiga Grécia. Aonde, de acordo com a História, surgiu o termo “Ostracismo” já que essa era a situação à qual eram condenadas as pessoas influentes que de alguma forma ameaçavam – ou podiam ameaçar – o poder político dos governantes da época.

Em Rio das Ostras esse tal “ostracismo” não parece sequer afetar as próprias ostras, como as que são retiradas por pescadores e vendidas em bandejas nas praias por eles. Apesar de seu alto custo comercial (cada unidade sai em média por R$ 10,00), elas são bem abertas, aceitas e consumidas ao longo da orla. E não correm o risco de permanecerem em suas respectivas cascas sem encontrarem quem se disponha a degustarem-nas.

A “ostra” também tem servido para inspirar algumas aglutinações de palavras e trocadilhos, como os feitos pelo vendedor de ostras Mário Ostras. É ele mesmo que conta: “Uma vez eu estava na praia, cheguei para um cliente e falei assim: ostravez! E o camarada respondeu: não, deixa pra ostrahora. Aí eu falei: já que eu trabalho em Búzios em nível internacional, então eu sou ostrangeiro. O senhor é ostríaco? Ele disse: não, eu sou ostraliano. Só que você está muito ostranho e parecendo mais um ostraterrestre. Aí eu disse: meu amigo, você está ostrapolando e eu estou ficando ostrossado. E o pior é que ele queria me ostranhar porque não era nem um pouquinho ostrovertido. E eu tive que usar uma ostratégia, porque para isso eu tenho ostrotura, pois eu me formei em ostrologia. E de vez em quando me pego comendo ostrogonofe”.

Nem mesmo o nosso famoso Dorival Caymmi, que viveu vários anos em Rio das Ostras, a qual considerava a sua “segunda Bahia”, se sentiu em alguma espécie de Ostracismo, embora atualmente o “ostracismo” seja uma decisão pessoal e voluntária. E não é à toa nem sem merecimento que ele possui uma estátua de bronze em tamanho natural feliz da vida com um molinete e um grande peixe ao ombro no calçadão da Praia do Bosque, por exemplo.

Inclusive José Carlos dos Reis Encina, o lendário Escadinha, também não ficou no ostracismo nem no anonimato em Rio das Ostras. Consta que lá pelos idos dos anos 1980 ele possuiu uma casa na rua que dá acesso às praias do Cemitério e da Boca da Barra a qual era interligada à outra do outro lado da pista por um túnel no tempo em que a estrada ainda era de chão; e que serviria como “rota de fuga” de uma casa para a outra. E ele caminhava todos os dias tranquilamente na Praia do Centro.

Enfim, não há ostracismo real em Rio das Ostras inclusive porque o termo não advém simplesmente do vocábulo “Ostras”. Como muitos pensam ou pensavam até agora. O verdadeiro “ostracismo” vem da palavra grega “Ostrakon” que significa “caco” de cerâmica e/ou barro. No qual eram escritos os nomes das pessoas influentes que de alguma forma ameaçavam o poder dos políticos e governantes da época. Para que fossem “julgados” e condenados ao “ostracismo” (desterro) por 10 anos fora dos limites das cidades. Com o passar do tempo, o vocábulo grego “ostrakon” foi sendo reinventado e ganhou outros significados chegando até os nossos dias com a função de designar tudo o que tem casca ou carapaça dura como as nossas ostras atuais, por exemplo.

(Texto do livro “Crônicas Riostrenses – A Cidade na Visão de um Recém-Chegado, que o autor está escrevendo).

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O incidente foi na noite desta segunda-feira (18) na Estação Anchieta, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
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