Ex-aluno deficiente visual do Polo Cederj de Rio Bonito dá exemplo de superação

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Os novos alunos do Consórcio Cederj, que reúne instituições de ensino superior do Estado do Rio de Janeiro, começaram a jornada rumo ao diploma do ensino superior no dia 20 de fevereiro, quando aconteceu a aula inaugural. Trajetória que Elvis Filgueiras Ramos, de 36 anos, já percorreu e que serve de inspiração para os calouros. Deficiente visual, Elvis é exemplo de superação e de que, com força de vontade e dedicação, é possível conciliar trabalho, estudos e família. No dia 30 de janeiro, ele defendeu o trabalho final do curso de Pedagogia ofertado pela UniRio e deixou familiares, colegas e equipe do Polo Cederj de Rio Bonito, onde estudou, muito orgulhosos com a conquista e com a nota obtida: 10,0.

“Ver meu esposo subir esse degrau na vida é uma grande alegria, pois a vitória dele é a nossa também. Por muitas vezes, o vi virar noites sem dormir para dar conta dos estudos, principalmente em dia de prova. Ele é bastante dedicado e disciplinado em tudo o que faz e não foi diferente na graduação, sem se esquecer dos cuidados com a família, sendo um excelente esposo e pai”, fala com carinho Sebastiana de Carvalho Campos Ramos, de 36 anos, com quem Elvis é casado há dez e tem duas filhas, Rafaela, de 7 anos, e Lara, de 4.

Elvis perdeu a visão aos três anos de idade devido a uma alergia medicamentosa. Com uma febre muito alta e que não passava, ele tomou um remédio que provocou manchas e feridas em todo o seu corpo. Os pais o levaram rapidamente para o hospital, onde ficou internado 21 dias no Centro de Tratamento Intensivo. Elvis acabou ficando com sequelas que atingiram suas córneas.

Ele conta que optou por Pedagogia, porque queria estudar educação especial. A escolha do tema do seu trabalho de conclusão de curso – tecnologias assistivas em sala de aula e sua importância – foi algo natural: “A abertura de novas perspectivas de aprendizagem, que a tecnologia assistiva oferece aos alunos com necessidades educacionais específicas, revela-se como um impulsionador para que esses estudantes alcancem seus objetivos. Os profissionais também precisam estar preparados para atender esses alunos em sala de aula. Parafraseando a escritora Mary Pat Radabaugh, ‘para as pessoas sem deficiência, a tecnologia torna as coisas mais fáceis; para as pessoas com deficiência, a tecnologia torna as coisas possíveis'”.

Para dar autonomia a Elvis na elaboração do trabalho final, a equipe do Polo Cederj Rio Bonito utilizou ferramentas como o teclado de voz, gravador de voz, atividades como vídeos e filmes com audiodescritores, além de sites com acessibilidade. “Fiquei lisonjeada em ser a orientadora do Elvis, um aluno extremamente inteligente, e porque a inclusão deve ser uma realidade. Fui sua ledora e escriba e estipulamos metas. Ele fazia as leituras por áudio, através dos arquivos em PDF, e fichávamos os pontos mais pertinentes”, explicou a professora Denise Barbosa Pinto Neves.

Além da professora Denise, que é mediadora pedagógica de apoio, o diretor do polo de Rio Bonito Charlles da Fonseca Luca, e a professora Leomar Rodrigues de Avellar Baptista, articuladora acadêmica e mediadora pedagógica na licenciatura em Pedagogia/UniRio, acompanharam de perto a formação de Elvis. “O Polo Cederj de Rio Bonito, do qual sou diretor desde 2016, preconiza o cumprimento do acolhimento humanizado de todos os estudantes, que trazem trajetórias bem diferentes. E o primeiro aluno com deficiência visual formado no polo foi o Victor Uchôa, que cursou Tecnologia em Sistemas de Computação pela Universidade Federal Fluminense (UFF)”, relembra.

 Polos Cederj

 O Polo Cederj de Rio Bonito é uma das 35 unidades espalhadas pelo Estado e oferece os cursos de Matemática/UFF e Pedagogia/Unirio, Tecnologia em Sistemas de Computação/UFF e em Segurança Pública /UFF e, a partir do 1° Semestre de 2021, o bacharelado em Biblioteconomia/UFF. “O Polo Cederj de Rio Bonito é um marco em minha trajetória acadêmica, pois me abriu as portas para ingressar no ensino superior, sem contar a maravilhosa equipe de profissionais que muito contribuiu para minha formação. Sinto uma imensa alegria em vencer mais uma etapa e a sensação de iniciar um ciclo e poder fechá-lo, é algo indescritível”, disse Elvis, que é morador de São Gonçalo.

Para o presidente da Fundação Cecierj, Jorge Roberto Pereira, destaca que a Fundação Cecierj, através do Consórcio Cederj, entrega o conteúdo, e cabe ao aluno a parte mais importante dessa trajetória, que é incorporar os conhecimentos e a prática de uma profissão. “O Elvis, que já revelou o desejo de dar prosseguimento aos estudos, nos enche de orgulho por ter sido nosso aluno. Que a história do Elvis sirva de inspiração para os estudantes que começam a jornada da graduação”.

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