O ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná Deltan Dallagnol se filiou na última sexta-feira (10) ao Podemos.
O ato de filiação do ex-procurador do Ministério Público Federal (MPF) aconteceu em um hotel de Curitiba.
Estavam no evento o ex-ministro Sérgio Moro, que também se filiou ao partido em novembro, a presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, e os senadores do Paraná, Álvaro Dias, Flávio Arns e Oriovisto Guimarães.
Durante o ato de filiação, Deltan Dallagnol não afirmou a qual cargo pretende ser candidato em 2022, mas Renata Abreu, Alvaro Dias e Sergio Moro disseram em seus discursos que Deltan deve ser candidato a deputado federal.
Defesa da Lava Jato
No discurso de filiação, Deltan defendeu as decisões e as ações da operação Lava Jato e disse que “todas essas operações seguiram a regra do jogo”.
Dallagnol também reclamou de decisões da Justiça e de alteração de leis que, segundo ele, “amarraram” o trabalho de procuradores.
“Nós vimos aprovação de regras que amarram o trabalho de procuradores e de juízes na investigação e no processamento de pessoas poderosas. Nós vimos passar regras que esvaziam as colaborações premiadas. Nós vimos passarem regras que amarravam e impediam as prisões preventivas da Lava Jato”, afirmou.
De acordo com Dallagnol, estas mudanças tiveram um “efeito desastroso” ao anularem casos de corrupção.
“É como mudarem as regras após o final do jogo e aplicando para trás, para o passado”, disse.
Antes de Dallagnol falar, Moro fez um pronunciamento e disse que o ex-procurador decidiu se filiar ao partido “porque viu caminhos fechados no Ministério Público”.
Moro também disse que a eleição vai ser “o julgamento público que vai mostrar o que as pessoas realmente pensam”. “Vai representar mais do que diz um tribunal ou outro”, disse o ex-juiz.
Exoneração do MPF
Deltan Dallagnol anunciou em novembro a saída do Ministério Público Federal (MPF), após 18 anos na instituição.
Afastamento da força-tarefa
Dallagnol já tinha se afastado da coordenação da força-tarefa em setembro de 2020, após seis anos à frente da operação.
Na época, ele afirmou que precisaria dedicar mais tempo à filha, que tinha apresentado sinais de regressão no desenvolvimento.
Em fevereiro de 2021, a força-tarefa “deixou de existir”, de acordo com o MPF, e os procuradores da força-tarefa passaram a integrar o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Processos disciplinares
Em setembro de 2020, Dallagnol foi punido pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) por postagens publicadas nas redes sociais contra a candidatura de Renan Calheiros (MDB) à presidência do Senado, em 2019.
Na oportunidade, o conselho entendeu que Deltan cometeu infração disciplinar por suposta tentativa de interferência na disputa.
A punição de censura, que atrasa a progressão de carreira dos procuradores, foi confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em março de 2021.
Antes disso, em novembro de 2019, o CNMP tinha aplicado uma advertência a Dallagnol por ter criticado ministros do STF em uma entrevista a uma rádio. Em agosto de 2020, a punição foi suspensa pelo ministro Luiz Fux.
Crédito: g1.globo.com