Alvo da Operação Fim do Mundo, deflagrada nesta quinta-feira (26) pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), o Terceiro Comando Puro (TCP) é a segunda maior facção criminosa do tráfico de drogas do RJ.
Segundo o Mapa Histórico dos Grupos Armados do Rio de Janeiro, um levantamento do Instituto Fogo Cruzado e do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF), o TCP, hoje, domina localidades no Grande Rio onde moram quase 600 mil moradores.
À frente do TCP, tanto em área territorial quanto em população, estão o Comando Vermelho — a maior facção do tráfico — e as milícias.
O TCP atualmente é chefiado por Menor P, Peixe, Peixão, Coronel, Bill e TH.
Peixe controla a Vila Aliança, em Bangu; Peixão, o Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio; Menor P e TH, a Maré.
No fim da década passada, as lideranças do TCP se aliaram a paramilitares, o que ajudou na expansão de territórios. A reportagem apurou que a relação entre as facções ainda é amistosa.
Segundo o Mapa, o TCP domina:
- Na Zona Sul: morros da Babilônia e Chapéu Mangueira, no Leme.
- No Centro: Complexo do São Carlos, no Catumbi.
- Na Zona Norte: Morro dos Macacos, em Vila Isabel; Parque Alegria, no Caju; metade do Complexo da Maré; Vigário Geral; Serrinha, em Madureira, Complexo de Israel, em Cordovil, e Acari.
- Na Zona Oeste: Batan, em Realengo, e Vila Aliança, em Bangu.
Ceasa como entreposto
As investigações descobriram que os alvos da operação desta quinta-feira abasteciam as favelas do TCP com drogas e armas — e um dos pontos de entrega era a Ceasa, a Central de Abastecimento do RJ, o principal entreposto hortifrutigranjeiro da Região Metropolitana do Rio.
A Ceasa fica muito perto das favelas de Acari, bastando atravessar a Avenida Brasil.
A Operação Fim do Mundo
Até a última atualização desta reportagem, 11 pessoas haviam sido presas. O Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) e a Delegacia de Repressão às Drogas (DRE-PF) miravam a lavagem de dinheiro oriunda do Terceiro Comando Puro (TCP).
A investigação já conta com 30 denunciados e visa a desestruturar um grupo que movimentou mais de R$ 100 milhões em três anos.
Segundo a força-tarefa, os denunciados forneciam armas e drogas aos chefes do TCP e gastavam o dinheiro da transação em imóveis de alto padrão, carros de luxo e embarcações. Muitos dos bens foram sequestrados em Balneário Camboriú.