O secretário Estadual de Saúde, Fernando Ferry, anunciou sua demissão do cargo nesta segunda-feira (22).
A equipe que atuava com Ferry também deve deixar a pasta.
A TV Globo apurou junto a integrantes da equipe de Ferry que um dos motivos alegados para a demissão foi a pressão que ele vinha sofrendo para continuar pagando contratos com problemas.
Alguns contratos firmados durante a pandemia têm sido alvo de investigações. Entre eles, estão os de construção dos hospitais de campanha para atender as vítimas da Covid-19 e os de aquisição de equipamentos de saúde. Neste caso, a suspeita é de um esquema de superfaturamento na compra de respiradores.
O Governo do RJ confirmou que o novo secretário de Saúde será o coronel do Corpo de Bombeiros, Alex da Silva Bousquet, de 43 anos. Entre as atividades desempenhadas, ele é médico do Grupamento de Socorro de Emergência e trabalhou no Instituto de Assistência aos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (Iaserj). Confira ao final desta reportagem o currículo de Bousquet.
17 denunciados pelo MPF
Na semana passada, o Ministério Público Federal denunciou 17 pessoas “por danos à Saúde do RJ” em decorrência da Operação Favorito, um desdobramento da Lava Jato, deflagrado no dia 14 de maio, que mirava contratos suspeitos. Entre os denunciados estão o empresário Mário Peixoto e o ex-deputado estadual Paulo Melo.
Ferry foi anunciado no cargo no dia 17 de maio e ficou pouco mais de um mês na secretaria. Antes de receber o convite de Witzel, Ferry, que é clínico-geral e especialista em AIDS, atuava como diretor-geral do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle e foi professor associado de Clínica Médica e Aids da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).
Além de Ferry, Edmar Santos foi exonerado após atrasos na instalação dos hospitais de campanha e desgaste provocado por denúncias de fraudes na licitação para a compra de respiradores.
Presos na Operação Mercadores do Caos
Na semana passada, a Polícia Civil e Ministério Público do RJ prenderam Carlos Frederico Verçosa Duboc, superintendente de Orçamento e Finanças da Secretaria Estadual de Saúde, e o empresário Anderson Bezerra.
Os dois foram detidos em mais uma fase da Operação Mercadores do Caos, que investiga suposta fraude na compra de respiradores pelo estado para o combate à Covid-19.
Os equipamentos foram comprados emergencialmente e, segundo o MP, jamais foram entregues.
Além de Duboc, seis pessoas haviam sido presas em etapas anteriores da Mercadores do Caos:
- Gabriell Neves, subsecretário de Saúde do estado, exonerado antes da prisão;
- Gustavo Borges, que sucedeu Gabriell na pasta, exonerado depois da operação;
- Aurino Filho, dono da A2A, uma empresa de informática que ganhou contrato para fornecer respiradores ao estado;
- Cinthya Silva Neumann, sócia da Arc Fontoura, outra firma contratada;
- Maurício Fontoura, controlador da Arc Fontoura e marido de Cinthya;
- Glauco Guerra, representante da MHS, a terceira empresa contratada.
Currículo de Alex Bousquet
Alex Bousquet é coronel médico do Corpo de Bombeiros. Graduado pela Uerj, ele está há 20 anos na corporação.
É especialista em terapia intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB). Foi diretor do Instituto de Assistência aos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (Iaserj) e trabalhou como médico de resgate para a Petrobras entre 2008 e 2012, na Bacia de Santos.
Tem pós-graduação em Gestão Operacional nas Organizações de Saúde pela Fundação Ceperj e MBA Executivo em Saúde pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).