Lorram Gomes da Silveira (PRTB), vereador da cidade de Búzios, é considerado foragido da Justiça depois de uma operação realizada pelo MP do Rio de Janeiro na manhã desta quarta-feira (28).
De acordo com o Ministério Público, Lorram era o alvo principal da operação Plastografos II, mas não foi localizado. Segundo as investigações, o vereador teria promovido, constituído, financiado e integrado uma organização criminosa dedicada à prática dos delitos de corrupção passiva, uso de documento falso e estelionato.
A operação foi realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPRJ), com apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ).
Lorram também foi vereador de Búzios entre 2009 e 2016. Exerceu ainda o cargo em comissão de chefe de gabinete do então prefeito André Granado entre novembro de 2018 e maio de 2019, período em que foram praticados os delitos. Lorram já foi preso, em outubro de 2019, na operação Plastografos I.
O novo mandado de prisão foi deferido pelo Juízo da 1° Vara da Comarca de Armação dos Búzios. Somadas, as penas previstas ultrapassam dez anos de reclusão. O MPRJ informou que requereu ainda o bloqueio de bens do vereador no valor de aproximadamente R$ 9 milhões.
A investigação
Em grego, plastografos significa aquele que falsifica documentos.
A investigação que deu origem à denúncia foi instaurada para apurar o envolvimento de servidores da Prefeitura de Búzios na prática de crimes de corrupção passiva, estelionato e uso de documento falso, envolvendo a emissão de alvarás no município da Região dos Lagos.
Segundo o apurado pela investigação, houve a instalação de um sistema de “venda de alvarás” envolvendo servidores públicos e despachantes atuantes em Búzios.
De acordo com o MPRJ, depoimentos de testemunhas davam conta de que era praticamente impossível a emissão de alvará em Búzios sem o pagamento de vantagem indevida a servidores públicos. A partir dos depoimentos das testemunhas e da análise dos dados de aparelhos celulares apreendidos, os investigadores identificaram Lorram Gomes como líder da organização criminosa que, inicialmente, se dedicava à facilitação e agilização da expedição de alvarás originais, mediante o pagamento de vantagem indevida. Posteriormente, o grupo passou a falsificar os alvarás negociados.
Segundo a investigação do MPRJ, já em contato com os despachantes, era cobrada dos empresários, em média, a quantia de R$ 5 mil, além das taxas. E uma parcela substancial dos valores era paga diretamente a Lorram, na época Chefe de Gabinete do prefeito André Granado, para que ‘agilizasse a burocracia’ e emitisse os documentos de forma rápida e com inobservância da ordem cronológica de conclusão.
Um parcela menor dos valores era cobrada pelos próprios despachantes, a título de serviços prestados. Com a mudança de prefeitos e, por consequência, de todos os cargos em comissão, Lorram teria alterado o esquema ilegal e passou a emiti-los em versão falsificada.
Fonte: g1.globo.com