Nos bastidores, Yohansson Nascimento vive 4ª Paralimpíada da carreira

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Pequim (China), em 2008. Londres (Grã-Bretanha), em 2012. Rio de Janeiro, em 2016. Em Tóquio (Japão), Yohansson Nascimento vivenciará a Paralimpíada pela quarta vez, mas de forma diferente. Ao contrário das últimas três edições, o alagoano de 33 anos não estará na pista de atletismo brigando por medalhas, mas nos bastidores, como vice-presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), posto que assumiu em dezembro do ano passado.

“Estive acompanhando a Olimpíada, vendo a pista de atletismo. Há alguns anos, eu pensaria que, dali a pouco, estaria naquela mesma pista, competindo. Até faço uma brincadeira com meus [antigos] companheiros de treino, dizendo que se alguém se machucar, levaria minha sapatilha, caso precise de uma substituição [risos]. Dá um aperto no coração saber que não vou mais competir, mas me alegra saber que a decisão de me afastar da pista foi para contribuir com o esporte paralímpico”, disse o ex-atleta paralímpico, à Agência Brasil.

Durante a aclimatação em Hamamatsu (cidade a 250 quilômetros de Tóquio), que antecedeu a viagem a capital japonesa, Yohansson acompanhou os treinamentos das seleções de vôlei sentado, natação, bocha, goalball, judô e atletismo. A meta do CPB é que o Brasil conclua os Jogos entre os dez primeiros colocados do quadro de medalhas, repetindo o feito das últimas três edições. Marca que o agora dirigente crê ser possível, mesmo em meio aos impactos da pandemia do novo coronavírus (covid-19) na preparação e no próprio evento, adiado em um ano e que será realizado sem presença de público.

“Vocês podem ter certeza de que a delegação, que é a maior [paralímpica] já levada para fora do país [260 atletas], é grande em quantidade e qualidade. Nas 20 modalidades em que terá representante, o Brasil tem todas as condições de fazer o melhor resultado, dar orgulho e trazer medalhas. O atleta sabe de todas as dificuldades, a questão da pandemia, mas ele, independente das condições, chega para fazer o melhor e vai preparado mentalmente para isso. Quando o árbitro diz ‘atletas, em seus lugares’, o mundo para. Em Pequim, Londres e no Rio, tivemos um público sensacional, muitas vezes acima de 80 mil pessoas, mas, naquela hora, só pensamos na linha de chegada”, disse o ex-velocista, dono de seis medalhas paralímpicas, sendo uma de ouro em Londres, nos 200 metros da classe T46 (amputação nos membros superiores).

Coincidentemente, Yohansson foi para o Japão no mesmo voo que tomaria caso ainda fosse atleta, já que embarcou com a seleção brasileira de atletismo. O alagoano certamente estaria no grupo, já que havia feito o índice para representar o país em Tóquio nos 100 m ao conquistar o bronze no Mundial de Dubai (Emirados Árabes Unidos), em 2019.

Aquele pódio, inclusive, foi 100% brasileiro: Washington Júnior levou a prata e Petrúcio Ferreira, atual campeão paralímpico e recordista mundial da prova, arrebatou o ouro. Para Yohansson, o sucesso da dupla simboliza a renovação da delegação paralímpica do país. Pelos números do departamento de Ciências do Esporte do CPB, cerca de 37% do grupo no Japão disputará o evento pela primeira vez. A natação é a modalidade com mais caras novas, com os novatos também representando em torno de 37% da equipe.

“A minha categoria [quando atleta], por exemplo, conquista medalhas desde a Paralimpíada de Sydney [Austrália], em 2000. Começa com o Antônio Delfino [bronze nos 400 m], que também foi medalhista em Atenas [Grécia, em 2004, com dois ouros, nos 200 e nos 400 m]. Depois fui eu, em Pequim e Londres. No Rio, fomos eu e o Petrúcio. Agora, Washington e Thomas [Ruan, prata nos 400 m no Mundial de Dubai]. No esporte paralímpico, temos vários atletas para continuar o que os veteranos têm feito”, concluiu.

 

Crédito: Agência Brasil

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