Em entrevista nos EUA, Bolsonaro comenta sobre seu governo e declara que ‘maioria dos imigrantes não têm boas intenções’

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O presidente Jair Bolsonaro comentou aspectos variados de seu governo em entrevista à Fox News transmitida na madrugada desta terça-feira no Brasil , de acusações de possíveis vínculos com um dos acusados do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) ao vídeo de uma cena de escatologia que divulgou no Twitter após o carnaval, passando por Venezuela e imigração nos EUA.

Falando com exclusividade com Shannon Bream na emissora fortemente identificada a Donald Trump, Bolsonaro destacou a sua admiração pelo ocupante da Casa Branca e apoiou as suas políticas restritivas para a imigração, incluindo a construção do polêmico muro na fronteira com o México, adotando a mesma retórica de demonização de imigrantes do republicano. Bolsonaro chegou a afirmar que a política migratória de Trump se relaciona à manutenção da democracia no hemisfério Sul.

— A grande maioria dos imigrantes em potencial não tem boas intenções nem quer o melhor ou fazer bem ao povo americano — afirmou. — Eu gostaria muito que os EUA levassem adiante a atual política de imigração, porque em larga medida nós devemos a nossa democracia no Hemisfério Sul aos Estados Unidos.

Nesta segunda-feira, o presidente dispensou cidadãos americanos, australianos, canadenses e japoneses de visto para ingresso no Brasil, sem contrapartida. No sábado, o filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), disse que imigrantes brasileiros irregulares são “uma vergonha” para o Brasil.

Jair Bolsonaro obteve 81,7% dos votos válidos nos EUA no segundo turno das eleições de 2018. Segundo uma pesquisa feita pela Época , 85% dos brasileiros que moram nos EUA dizem que as políticas de Donald Trump não melhoraram a vida de quem mora nos EUA, e 79% dos entrevistados consideram a política de imigração o pior ponto do governo do republicano.

Saudado pela Fox News como “Trump dos Trópicos”, Bolsonaro disse que o republicano está lutando contra o socialismo e que “não poderia concordar mais com ele”. “Em larga medida”, afirmou, “estamos fazendo o mesmo no Brasil”. Questionado pela apresentadora sobre a crescente visão positiva que jovens americanos têm da palavra “socialismo”, o presidente disse que a França é um exemplo negativo dos males deste sistema político:

— Acho justo dizer que os americanos que pensam [positivamente] sobre o socialismo devem olhar para a experiência da França, onde as fronteiras estão abertas para receber refugiados sem qualquer tipo de seleção ou de filtro — afirmou. — E ter fronteiras abertas em minha visão é uma visão absolutamente ruim. Não é uma decisão nada boa. Nós concordamos com a decisão de Trump sobre o muro.

Bolsonaro ignorou o fato de que a França aprovou em agosto de 2018 uma nova lei de imigração e asilo sob a iniciativa do presidente Emmanuel Macron que endurece a obtenção de asilo no país. A nova legislação dificulta inclusive os recursos possíveis na Justiça, além de aumentar de 45 para até 90 dias o período de detenção de imigrantes ilegais.

Perguntas sobre caso Marielle

Questionado sobre a possibilidade de concessão de uma base americana em território brasileiro, o presidente não respondeu, de acordo com a transmissão. Quando interrogado sobre a possibilidade de militares brasileiros atuarem na Venezuela, o presidente disse que o Brasil enfrenta “limitações” para agir neste âmbito.

— Trump mencionou todas as possibilidades. Nós não podemos pensar em todas as possibilidades, porque enfrentamos algumas limitações — afirmou. — Mas tudo o que for realisticamente  possível, na frente diplomática, por meio de assistência ou ajuda, de modo a ajudar os EUA a superar esta questão, nós faremos.  O país mais interessado em pôr um fim na ditadura narcotraficante de Maduro é o Brasil.

Bolsonaro também respondeu acusações de supostos laços com um dos suspeitos de executar a vereadora Marielle Franco, comentando fotografia em que aparece ao lado de um dos acusados:

— Sou um capitão do Exército brasileiro, e parte dos oficiais da polícia do Rio de Janeiro é de grandes amigos meus. Por coincidência, um desses suspeitos de ter matado a Marielle não era na verdade vizinho meu, mas morava do outro lado de uma outra rua [do condomínio] — disse. — Mas, a mídia sempre me criticou e estabeleceu uma conexão.

Na apresentação do programa, Bolsonaro foi referido como alguém que já fez “comentários incompatíveis com os valores americanos”, sobretudo os dirigidos à comunidade LGBT. A este respeito, ele disse se tratarem de comentários “tirados de contexto”:

— Se eu fosse tudo isso, eu não seria eleito presidente. Há um grande número de notícias falsas, mas a população aprendeu a usar redes sociais e pessoas não mais acreditam nem confiam na imprensa tradicional — afirmou. — Não tenho nada contra homossexuais nem contra mulheres e não sou xenófobo, mas quero ter minha casa em ordem. A definição de família para mim é uma só, aquela da Bíblia. Se você quer se envolver numa relação homossexual, vá adiante, mas não podemos deixar o governo levar isso para a sala de aula e ensinar isso para crianças de cinco anos.

‘Fazer o Brasil grande’

Bolsonaro voltou a afirmar que “quer fazer o Brasil grande”. Interrogado sobre o jantar com o ex-chefe de campanha de Trump Steve Bannon, hoje inimigo do presidente, ele afirmou que seu filho Eduardo tem mais proximidade com o estrategista e que “não está lá para causar desconforto”.

Comentando a cena de escatologia filmada em um bloco de carnaval que divulgou em seu Twitter, o presidente disse que queria “mostrar o que o Carnaval está virando”.

Nesta terça-feira, Bolsonaro será recebido no Salão Roosevelt e depois segue para o Salão Oval para uma reunião privada com Trump, com a presença apenas de tradutores. Depois, os dois irão ao Rose Garden, o jardim da Casa Branca, para uma declaração à imprensa.

No mesmo dia, Bolsonaro visitará o cemitério militar de Arlington, onde são enterrados os mortos em guerras. O primeiro encontro do presidente no dia será com o secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Almagro.

Tanto Almagro quanto a Casa Branca se empenham para que a mudança de regime no país sul-americano ocorra logo, e temem que Nicolás Maduro acabe se perpetuando no poder.

Fonte: O Globo

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