Alguns alunos da rede estadual de ensino não estão conseguindo acompanhar as aulas online oferecidas pelas escolas estaduais do Rio de Janeiro. Muitos alegam que não possuem computador em casa e nem pacote de dados de internet. Diante disso, o governo decidiu distribuir chips para acesso à internet.
O anúncio de uma plataforma online para continuidade das aulas durante a pandemia do coronavírus foi feito pelo governo do estado no dia 30 de março. Mas, quem não tem acesso à internet está sem aulas até hoje.
“Como que esses alunos que não têm acesso vão entrar na plataforma? Nosso governador e o secretário de educação falaram que iriam entregar para esses alunos o material das aulas impresso e um chip de dados para que eles possam acessar a internet. Isso até agora não foi feito”, comentou Thiago, estudante e vice-presidente do grêmio do Instituto de Educação Governador Roberto Silveira, na Baixada Fluminense.
Entre os problemas apresentados, também está a dificuldade dos alunos com a ferramenta. Além disso, muitos estudantes estão reclamando que os professores só estão passando trabalhos e não estão ensinando a matéria.
Segundo Ana Carolina, também aluna da rede de ensino estadual, muitos colegas estão sem entender o conteúdo apresentado.
“Não tem como entender a matéria porque eles não explicam direito. Jogam ali no aplicativo e tem que copiar e responder. Por mais que a gente tenha tecnologia, internet, computado, impressora, não dá para estudar sem um professor explicando”, analisou Ana Carolina.
Outro grave problema é em relação aos alunos com algum tipo de deficiência física. Para Roger, que também é aluno do Instituto de Educação Governador Roberto Silveira, a preocupação é com os alunos surdos.
Além dos alunos, muitos professores da rede também não aprovam o modelo de ensino à distância. Segundo uma educadora que não quis se identificar, eles não receberam capacitação para utilizar a ferramenta online e também dependem de equipamentos próprios para o trabalho.
MP pede suspensão das atividades
O Ministério Público do Rio de Janeiro entrou com uma ação coletiva pedindo, com urgência, que todas as atividades não presenciais das escolas estaduais sejam suspensas.
O argumento do MP é que a maioria dos alunos não tem internet em casa para acompanhar o conteúdo que tem sido passado. O órgão já tinha pedido, no dia 3 de abril, para que a Secretaria de Educação suspendesse o início das aulas virtuais. No dia 8, a Justiça foi favorável à continuidade das aulas.
O Sindicato Estadual de Profissionais da Educação também já tinha se manifestado contra o ensino pela internet. Os professores acreditam que a modalidade aumenta ainda mais a desigualdade que já existe no sistema.