Aos 21 anos, o filho de Cristian Cravinhos está buscando na Justiça o fim de qualquer vínculo legal que ainda tem com o pai. O jovem solicita a anulação da paternidade, que permitirá a remoção do nome do progenitor dos documentos. O caso foi noticiado pelo colunista Rogério Gentile, do Uol.
Na ação, que corre em segredo de Justiça, o jovem relata o constrangimento de carregar nos documentos o nome de um dos autores do brutal assassinato de Marísia e Mandred Von Richthofen. “Tenho vergonha”, justificou o filho de Cristian Cravinhos, que tinha apenas três anos na época do crime.
Em 2009, o rapaz já havia obtido na Justiça o direito de mudar de sobrenome. Mas agora ele deseja revogar deveres jurídicos da relação pai-filho, abrindo mão de eventual pensão ou herança.
Ele alega, ainda, que nunca recebeu amparo afetivo ou material do pai. Mesmo antes do crime, Cristian teria tido pouca participação na vida do filho. A última vez em que se encontraram foi em 2001, quando o menino o visitou no presídio de Tremembé, em São Paulo.
Marísia e Manfred Von Richthofen foram mortos a pauladas em 2002, num crime de forte repercussão nacional. Os autores foram a filha do casal, Suzane, o então namorado da jovem, Daniel Cravinhos, e o irmão dele, Cristian.
Confissão por amor ao filho
Somente durante o julgamento, em 2006, Cristian admitiu participação ativa nos golpes que mataram o casal. No segundo dia do julgamento, ele pediu desculpas por ter mentido em depoimentos anteriores e alegou que voltava atrás pelo amor que tinha a família, aos amigos e ao filho – numa das raras citações à criança ao longo de todo o processo e julgamento.
Cristian foi condenado a 38 anos e seis meses em regime fechado, mas deixou a penitenciária Doutor José Augusto Salgado, a P2 de Tremembé (SP), em agosto de 2017, após ser autorizado pela Justiça a cumprir o restante de sua pena em regime aberto. Em abril de 2018, ele foi preso após se envolver em confusão em um bar, em Sorocaba. Na ocasião, ele tentou subordar policiais e, no mesmo ano, acabou condenado a 4 anos e 8 meses de prisão por corrupção.
Em 2020, a defesa de Cristian Cravinhos ingressou com uma ação judicial para o cliente ter “direito a esquecimento”, o que foi negado pela Justiça.