Muitos consumidores se assustaram com o valor da conta de luz de dezembro e janeiro, no ápice verão. Com a pandemia, muitas pessoas continuam no isolamento social, trabalhando de casa, ou saindo apenas para o necessário. Na tentativa de economizar na conta de luz, muitos consumidores desligam os aparelhos das tomadas, principalmente à noite, mas para aguentar o calorão, algumas pessoas usam o ar condicionado. Mas há quem conta somente com os tradicionais ventiladores e nem possui tantos aparelhos eletrônicos assim, somente geladeira. Mas mesmo assim, o susto em janeiro deste ano, quando a conta de luz chegou, foi grande. Para quem acostumava pagar uma conta no valor entre R$ 140 e R$ 180 até o mês de novembro do ano passado, pagar uma conta no valor de R$ 520, 52 foi uma surpresa. Foi o que aconteceu com o jornalista e radialista Celício Aguiar, que mora em Rio das Ostras.
Celício Aguiar conta que o susto começou já em dezembro, quando recebeu a conta no valor de R$ 520. “Me assustei porque só mora eu e minha mãe e não ligamos o chuveiro elétrico durante o dia, não usamos também ferro de passar roupa, é muito raro, e não temos ar condicionado. Temos uma geladeira, que fica ligada o dia inteiro, e duas televisões, mas somente uma fica ligada, que é a da sala. Mas a televisão não gasta, porque é aquela de Led, econômica. Temos uma máquina de lavar roupa que usamos somente uma vez por semana. O ventilador realmente usamos praticamente todo o dia e à noite também, devido ao calor. Nosso gasto é basicamente televisão, geladeira e ventilador. Só que são somente duas pessoas em um apartamento que não tem consumo elétrico, é assustador. Porque eu pagava até R$ 180 e agora veio uma de R$ 520, 52”, relatou.
Segundo ele, um dos motivos do susto foi saber também que o consumidor, nestes casos de altos valores, não tem como parcelar. “A conta só é paga à vista. Fica pesado para eu pagar assim, mas vou ter que me virar nos trinta. Tem que pagar à vista dentro do prazo de 30 dias, porque se o pagamento não for efetuado neste prazo, assim que chega a conta nova, temos 15 dias e, se não quitar, eles cortam. Infelizmente, a concessionária faz o que quer com o consumidor. Não possui um atendimento dinâmico, não quer saber das relações entre consumidor e concessionária. É uma falta de respeito. Tem que haver um atendimento bom, para sanar todas as nossas dúvidas e outras questões também e isso não existe. Muitas vezes, temos que recorrer à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para poder tentar resolver alguma coisa, mas muitas vezes também não conseguimos, porque quando pedimos, junto à Aneel, para que a concessionária parcele aquela conta, não é parcelado. Ou quando consegue junto ao Procon, tem que pagar o parcelamento e a outra fatura, que ainda vai chegar. Então, está muito difícil. É uma total falta de respeito entre a empresa e o cliente, sempre foi. Estamos sendo roubados e mal atendidos. Está muito difícil. Ainda mais com essas bandeiras tarifárias vermelha e amarela. Eu realmente gostaria de saber porque a gente paga tanto na conta”, reclamou.
A aposentada Maria Josefina de Souza Rangel, de 63 anos, moradora de Macaé, também se assustou, e muito, com a conta referente a janeiro de 2021: R$ 226,77. Ela pagava em torno de R$ 74 e R$ 75 e também declarou que ficou abismada com o valor da conta de janeiro. “Eu sei que no verão o consumo aumenta por causa do calor. É ventilador, abre e fecha geladeira toda hora, ainda mais agora com todos dentro de casa. Mas mesmo assim acho um abuso, porque eu moro sozinha. De vez em quando, recebo visita dos filhos e netos, porque todos estão em casa por causa da pandemia. Eu entrei em contato com a Enel na tentativa de parcelar e renegociar, mas até agora não consegui. Já tenho que pagar a deste mês, para não cortarem a minha luz. É difícil e triste”, relatou.
Resposta da Concessionária Enel
Em nota, a assessoria de imprensa da Enel Distribuição esclareceu que, com as altas temperaturas do verão, bem como o isolamento social devido à pandemia, há aumento no consumo de energia, devido ao uso mais frequente da geladeira, de aparelhos de ar condicionado e ventilador, por exemplo. A distribuidora informou também que no mês de dezembro estava vigente a bandeira vermelha no patamar dois, nível tarifário mais elevado, com custo de R$ 6,243 para cada 100 quiolowatts-hora consumidos. Ainda de acordo com a Enel, a criação das bandeiras tarifárias e a definição do seu patamar a cada mês são de responsabilidade da agência reguladora do setor, a Aneel, e possuem vigência em todo o país.
Ainda segundo a nota, a Enel orienta os consumidores a verificarem seu consumo de energia em KWH, comparando o valor consumido atualmente com o do mesmo mês do ano passado. Mesmo com o consumo parecido nos verões de anos anteriores, os clientes verificarão um aumento no valor das contas deste ano, devido ao reajuste tarifário anual que ocorreu em março de 2020. Além disso, a distribuidora ressalta que quando o consumo de energia ultrapassa 300 KWH, o Imposto de Circulação sobre Mercadoria e Serviços (ICMS), que incide sobre a conta, passa de 18% para 31%. Acima de 450 KWH, outros valores são aplicados.
A distribuidora Enel explicou ainda que em uma conta de luz no valor de R$ 100, por exemplo, apenas R$ 22,7 são destinados às atividades da distribuidora, para operação, expansão, manutenção da rede de energia elétrica e para remuneração dos investimentos. Cerca de R$ 31,20 são destinados ao pagamento de impostos e R$ 12,6 são encargos setoriais. Além disso, R$ 26,5 são direcionados a custos de energia e R$ 6,9 à transmissão.
Segundo ainda a distribuidora, algumas medidas simples podem auxiliar o cliente a adequar o valor da conta de luz ao orçamento familiar, como a troca de lâmpadas incandescentes de 100W por modelos de Led de 14W, por exemplo, representa uma economia de aproximadamente, 16 KWh/mês para cada ponto de luz. Ajustar a temperatura correta do ar condicionado nos dias de calor mais forte, para uma temperatura de 23º graus, também pode garantir redução no consumo, com até 5% de economia por aparelho. Manter a manutenção adequada destes aparelhos também evita consumo excessivo no verão. Tirar a tomada dos equipamentos que utilizam o modo stand-by é outra medida que ajuda o consumidor a utilizar energia de forma consciente.
Fonte: rjnewson.com.br