A técnica de enfermagem Adenilde Lourenço da Silva, que trabalha há 11 meses no Centro Municipal de Saúde João Barros Barreto, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, prestou depoimento, nesta quinta-feira, na 12ªDP (Copacabana), por conta de uma suspeita de irregularidade na aplicação de vacina contra a Covid-19.
De acordo com denúncia feita pela filha de uma idosa, de 85 anos, ao rever a filmagem da aplicação (gravada ela famíla), ocorrida no dia 27 janeiro, ela percebeu que a seringa estava vazia ou com uma quantidade mínima de líquido. O caso foi comunicado a unidade de saúde e passou a ser investigado pela Polícia Civil por suspeita de crime de peculato.
Adenilde chegou em um carro da polícia. Ela havia sido intimada e preferiu acompanhar os policiais para prestar os esclarecimentos. Durante duas horas de depoimento, a técnica de enfermagem foi interrogada pelos agentes da 12ªDP. De acordo com a delegada Bruna Xavier, a funcionária da saúde admitiu que houve uma mudança de protocolo durante a aplicação da vacina da idosa. A técnica alegou que, o dia 27 de janeiro último, não era ela quem colocava o imunizante na seringa, e sim uma residente.
Assim, informou que pegou a seringa dentro de uma caixa com gelo e que teria percebido algo errado, mas que deixou de comunicar o fato para uma enfermeira chefe.
A delegada Bianca Xavier deverá ouvir, ainda nesta sexta-feira, mais dois funcionários da unidade que foram citados no depoimento da técnica de enfermagem: a enfermeira chefe e uma residente. Esta última ainda não havia sido identificada pela polícia já que a técnica não soube citar seu nome. Na próxima semana uma parente da idosa também deverá ser ouvida.
A secretaria municipal de saúde (SMS) informou ter decidido afastar uma técnica de enfermagem após receber denúncia sobre irregularidade na aplicação de vacina contra a Covid-19. Diante da dúvida levantada, a SMS anunciou que a idosa teve a dose reaplicada e que abriu uma sindicância para apurar o ocorrido.
Em nota, a secretaria disse ter reforçado a orientação para que as equipes mostrem todo processo de aplicação da vacina para os usuários e que, em caso de dúvidas, as famílias devem solicitar esclarecimentos aos profissionais imediatamente.
A suposta aplicação de “vacinas de vento” — quando, apesar da perfuração da agulha, o paciente não recebe o líquido imunizante — é investigada em pelo menos mais três casos. Um ocorreu na capital Fluminense, outro em Petrópolis e um terceiro em Niterói. Neste último, a polícia indiciou por peculato e infração de medida sanitária uma técnica de enfermagem que não apertou o êmbolo da seringa ao atender um idoso de 90 anos, em um posto drive-thru da Universidade Federal Fluminense.
Abaixo, a íntegra da nota da SMS do Rio sobre o caso de Copacabana:
“A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afastou a técnica de enfermagem que aplicou a vacina e abriu sindicância para apurar o ocorrido no Centro Municipal de Saúde João Barros Barreto. Diante da dúvida levantada, a paciente teve a vacina reaplicada, para garantir a imunização.
A SMS preza pela transparência e reforçou a orientação para as equipes mostrarem todo o processo de aplicação da vacina para os usuários. Fotos e vídeos do momento da aplicação estão liberados e são recomendados. Em caso de quaisquer dúvidas, as famílias devem solicitar esclarecimento aos profissionais imediatamente.
Fonte: extra.com