Até março deste ano, a técnica de enfermagem Clarice Santos da Silva tinha uma vida tranquila. Dava expediente no posto de saúde UPH, em Imbariê, no município de Duque de Caxias, duas vezes por semana, cuidava bem da alimentação e, como amante do fisiculturismo, ia à academia quase que diariamente.
Mas a chegada da pandemia virou sua vida de pernas para o ar. As folgas diminuíram, os exercícios físicos cessaram e os dias tranquilos foram rareando, dando lugar a ansiedade, medo e incertezas, já que o novo coronavírus, que se tornou um perigo real para todos, tem assustado principalmente os profissionais de saúde que atuam na linha de frente, como é o caso de Clarice.
“Minha vida virou um caos. De repente me vi prisioneira, sem poder fazer nada do que eu gosto, sem sair de casa e sem praticar atividades físicas, além do medo de contrair a doença e passar para o meu filho. Atuar na linha de frente na luta contra o Covid-19 me fez ter síndrome do pânico”, conta Clarice, que tem um filho de 15 anos e teve de se afastar por duas semanas do trabalho para fazer tratamento de ansiedade.
Desabafo
“O medo realmente me dominou e, ao invés de receber ajuda, fui criticada nas mídias sociais, até mesmo por pessoas conhecidas. Parecia que eu era culpada por estar tendo crises de ansiedade, como se eu quisesse ficar daquele jeito, como se fosse minha a culpa por estar adoecendo, sabe?”, desabafa.
No retorno ao trabalho, em junho, Clarice fez algumas descobertas. Para tentar amenizar a ansiedade, ela passou a pintar quadros, cuidar do jardim de casa e a fazer yoga, atividades que lhe devolveram paz e bem estar.
“Comecei com pinturas acrílicas. Amo viajar e, então, passei a registrar nas telas lugares imaginários e outros que conheci nas idas e vindas pelo Brasil e pelo exterior. A yoga também me ajudou a respirar melhor e a controlar a ansiedade”, conta a profissional de saúde, que – agora -, com o auxílio de pinceladas e das sessões de meditação profunda, sente-se mais segura e renovada para combater a covid-19 na unidade de saúde.
Fonte: Portal Eu, Rio!