“Vidas negras nas ruas importam”. É com esse lema que o movimento “Candelária Nunca Mais!” marca a celebração dos 27 anos da Chacina da Candelária. O ato público acontece nesta quarta-feira (22), na Praça Pio X, no Centro do Rio, com oito meninos da Associação Beneficente Amar.
“Esses meninos representam cada uma daquelas vidas, em sua maioria de jovens negros, que foram vítimas da violência há 27 anos. A gente não quer deixar que a memória sobre esse episódio seja esquecida. Não pode se deixar apagar com o tempo. Esses jovens hoje poderiam ser aqueles que estavam desprotegidos nas ruas e morreram”, diz Roberto José dos Santos, um dos organizadores do ato e também um dos fundadores da Amar.
“Não poderemos fazer a já tradicional manifestação pelas ruas por conta das regras de distanciamento social da pandemia do coronavírus. Por isso adiantamos o ato e, ainda assim, vamos promover uma série de debates online para marcar a data, nesta quinta (23)”, explica Roberto.
No dia 23 de julho de 1993, policiais militares que faziam parte de um grupo de extermínio foram até a região da Igreja da Candelária, no Centro da cidade, e atiraram em 70 pessoas que moravam próximas ao local. Oito jovens morreram na ação.
Há 27 anos, morreram:
- Paulo Roberto de Oliveira, 11 anos;
- Anderson de Oliveira Pereira, 13 anos;
- Marcelo Cândido de Jesus, 14 anos;
- Valdevino Miguel de Almeida, 14 anos;
- “Gambazinho”, 17 anos;
- Leandro Santos da Conceição, 17 anos;
- Paulo José da Silva, 18 anos;
- Marcos Antônio Alves da Silva, 19 anos.
“Ao longo desses 27 anos, nossos atos e protestos são para lembrar e resistir. A Chacina da Candelária, ela na verdade não terminou. Os jovens e negros que estão na rua continuam em risco, nada mudou. E isso tudo representa uma realidade muito dura”, acrescenta Márcia Gatto, uma das fundadoras do movimento “Candelária Nunca Mais!”.