Os Jogos Olímpicos começam no dia 23 de julho e a preparação dos atletas do Tiro com Arco está a todo vapor. Depois de um ano sem competir por causa da pandemia, a ansiedade voltou.
– Dá aquele friozinho na barriga, ansiedade, sensação de nervosismo – conta a atleta Ane Marcelle dos Santos.
O frio na barriga não veio à toa. Nesta quarta (14), a Ane Marcelle vai viajar para o outro lado do mundo. Depois de competir o Pan-Americano, no México, a atleta conquistou medalha de ouro e garantiu uma vaga nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Para o Presidente da Confederação Brasil Arco, a conquista representa muito para o esporte.
– A gente atravessa um momento muito importante dentro do Tiro com Arco, porque temos dois atletas classificados para os Jogos Olímpicos. É a primeira vez que uma mulher consegue uma vaga olímpica nesse formato e a gente tá muito animado. Tivemos um resultado muito positivo no México, no Pan-Americano, no qual a Ane ganhou medalha de ouro e conseguiu a vaga – afirma João Cruz, presidente da Brasil Arco.
Mas a bagagem da Ane vai muito além do Pan e da classificação para os Jogos Olímpicos. Em junho, Ane Marcelle e Marcus Vinícius D’almeida participaram da Copa do Mundo, na França. Na categoria feminina, a jovem chegou até às quartas de final, e na etapa de dupla mista, os dois chegaram às oitavas de final.
A vaga do Marcus nos Jogos Olímpicos já estava garantida desde 2019, quando ele ganhou medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos.
– Agora é acertar poucos detalhes, nada de mudanças. Vamos deixar fluir. O que tinha que ser feito já foi feito – ressalta o arqueiro.
Essas são as últimas semanas de treinamento. No dia 14 de julho, os atletas vão partir pro Japão. Os jogos olímpicos começam no dia 23.
O presidente da Confederação, João Cruz, explica que os competidores já foram vacinados e passam por testes frequentemente.
– Os atletas já tomaram duas doses da vacina. Antes de ir pra Tóquio, eles tiveram que ser testados quatro vezes. A gente mantém aqui um distanciamento social e seguimos os protocolos para que nossos atletas não se contaminem. Os jogos não terão participação de público e as famílias, que normalmente são convidadas pelo Comitê Olímpico Brasileiro, não irão – contou.
O treinamento da Ane é de, pelo menos, nove horas por dia, com preparação física e psicológica. Ela conta que o maior desafio não é controlar a mão… e sim, a mente.
A atleta Fabíola Dergovics também vai para os Jogos Olímpicos de Tóquio. A paulistana treina desde 2013. Um ano depois, começou a competir profissionalmente. Ela faz parte da Seleção Brasileira Paralímpica, e, no ano passado, foi vice-campeã brasileira olímpica. Entre muitas outras vitórias em competições internacionais, estão o bicampeonato dos jogos parapanamericanos e recorde das américas.
O esporte sempre fez parte da minha vida. Joguei voleibol, pratiquei corrida de rua, fiquei em 34º lugar na São Silvestre. Eu sofri um acidente e aí comecei procurar modalidades que eu pudesse praticar sem a utilização das pernas, propriamente dito. O tiro com arco é desafiador, é atraente e vicia – disse Fabíola.
Arqueiros de todo o país treinam para competições na sede da Confederação Brasileira de Tiro com Arco, em Maricá. No Centro de Treinamento eles têm um obstáculo um tanto desafiador: a distância para acertar a flecha: são 70 metros entre o alvo e o atleta.
– A dica é sempre mirar no amarelo, que é a melhor pontuação que a gente pode fazer. Mas quando está ventando, a gente mira um pouco no vermelho pra compensar o vento. Nunca mire tão longe, porque se o vento parar, a flecha vai onde você está compensando – revelou Ane Marcelle.
Fonte: g1.globo.com