Os Correios vão contratar 2 mil empregados terceirizados para minimizar os impactos e atrasos nas entregas de encomendas para o estado do Rio de Janeiro. A medida surge após reclamações de usuários, que culminou na abertura de uma investigação preliminar do Procon-RJ para apurar a a qualidade nos serviços prestados. A previsão, segundo a estatal, é que a situação melhore na segunda quinzena de junho.
Além dessa, outras medidas serão adotadas pela empresa para normalizar a operação dos serviços no estado. Entre elas está a realização de mais de 7 mil horas extras e a locação de mais de 70 linhas de transporte de carga, o que agilizará as entregas. Os Correios ainda se comprometeram a prestar um tratamento especial de encomendas oriundas de transações eletrônicas.
Justificando os atrasos, os Correios declararam que a instituição adotou o serviço remoto para os colaboradores classificados como grupo de risco. Por isso, houve um significativo decréscimo no efetivo, segundo a empresa, o que dificultou as operações. A estatal ainda ressaltou o aumento significativo na demanda durante o período da pandemia.
“Ao mesmo tempo, desde a instituição das medidas de isolamento social, observou-se um expressivo aumento do tráfego de encomendas. Dessa forma, a já elevada carga diária que transita pelas instalações dos Correios no Estado passou a demandar ainda mais do reduzido contingente operacional”, declarou a empresa, através de nota oficial.
Em Niterói, muitos consumidores reclamam que estão com as entregas atrasadas há mais de um mês. No rastreamento pelo site dos Correios, é informado que a encomenda está em transferência, na maioria dos casos, mas não há atualização do status. Alguns consumidores tentaram retirar o produto no Centro de Distribuição da Noronha Torrezão, em Santa Rosa, mas sem sucesso.
“Estive lá na distribuição da Noronha Torrezão e não consegui retirar. Eles (Correios) informaram que estão sem funcionários para a triagem”, contou um consumidor, que preferiu não se identificar.
Investigação
Para apurar as possíveis irregularidades nos serviços prestados, o Procon-RJ abriu uma investigação contra os Correios no Rio de Janeiro. De acordo com a autarquia, foram recebidas 305 reclamações, entre os dias 27 de fevereiro e 15 de maio, sobre produto não entregue, extraviado ou avariado, cobrança indevida e qualidade de atendimento.
“O serviço, quando prestado, deve, antes de tudo, ser adequado para os fins que razoavelmente dele se esperam. É pacífico na jurisprudência pátria que as empresas públicas prestadoras de serviços públicos submetem-se ao regime de responsabilidade civil objetiva, previsto no art. 14 do Código do Consumidor, de modo que a responsabilidade civil objetiva pelo risco administrativo, prevista no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, é confirmada e reforçada com a celebração de contrato de consumo, do qual emergem deveres próprios do microssistema erigido pela Lei n. 8.078/90”, disse o presidente do Procon-RJ, Cássio Coelho.