Alunos do Ensino Fundamental de 48 escolas da rede municipal de educação conquistaram 54 medalhas (ouro, prata e bronze) na 25ª Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), que também engloba a Mostra Brasileira de Foguetes (MOBFOG) 2022. Os projetos têm por objetivo fomentar o interesse dos jovens pela astronomia, astronáutica e ciências afins, além de promover a difusão dos conhecimentos básicos de uma forma lúdica e cooperativa.
A MOBFOG é realizada anualmente pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB), com participação de alunos do ensino fundamental e médio em todo território nacional.
Recordista da rede municipal com 34 medalhistas, a Escola Municipal Mata Atlântica, em Itaipuaçu, optou por participar com um maior número de inscritos no MOBFOG, uma vez que já desenvolvia projetos de robótica espacial com seus 145 alunos que vão desde o maternal (2 anos) ao 5º ano do Ensino Fundamental (12 anos). Equipada com o conjunto tecnológico entregue a todas as escolas, a unidade possui um gabinete móvel com capacidade de guardar 30 notebooks, tela interativa, lousas digitais, impressora 3D, mesa do alfabeto, mesa da descoberta, entre outros equipamentos que auxiliam no aprendizado dos alunos.
“Dentro da proposta da OBA nós usamos o carrinho, os computadores, as lousas digitais para que as crianças pudessem estudar o conteúdo de astronomia para fazerem parte do projeto. Tem todo o trabalho que é feito para eles realizarem a prova, aprenderem a construir o foguete e calcular quantos metros o artefato deles conseguiu avançar. Acho que por isso que tivemos 31 medalhas no MOBFOG”, disse a diretora da unidade, Gláucia Viana.
Regras da disputa
A competição tem quatro níveis: O nível 1 é destinado aos alunos do Ensino Fundamental, regularmente matriculados do 1º ao 3º ano. O nível 2 é destinado aos alunos do 4º e 5º ano, seguido do nível 3, que participam alunos do 6º ao 9º ano e, por último, o nível 4, que participam estudantes matriculados em qualquer série, ano ou período do Ensino Médio ou Superior. Somente alunos dos níveis 3 (9º ano) e 4 (Ensino Médio ou Superior) serão convidados para participarem das Jornadas de Foguetes, na cidade de Barra do Piraí, RJ.
No nível 3, os foguetes só podem ser lançados com água e ar comprimido manualmente por uma bomba e encher pneus de bicicletas que a organização empresta. No nível 4, os foguetes participantes serão somente aqueles propulsionados pela mistura de vinagre e bicarbonato de sódio, os quais a organização local fornecerá.
Na competição, os foguetes foram lançados obliquamente (ou seja, fazendo um certo ângulo com a horizontal), pois o objetivo é obter o maior alcance horizontal possível. Se ele for lançado fazendo um ângulo de 45 graus com a horizontal, ele alcançará a maior distância possível.
Medalhista de ouro na OBA
Na OBA, participam todos os estudantes dos níveis fundamental e médio do país divididos em níveis. O nível 1 é destinado aos alunos do Ensino Fundamental, matriculados do 1º ao 3º ano. Já no nível 2, podem participar os estudantes do 4º ao 5º ano; seguidos do nível 3, com alunos do 6º ao 9º ano e, por último, os de nível 4, que são alunos matriculados em qualquer série ou ano. Nas eletivas, os participantes realizam uma prova compatível com os conteúdos abordados pela maioria dos livros didáticos dos ensinos fundamental e médio. O exame é constituído por 10 perguntas que envolvem astronomia e astronáutica.
Os melhores avaliados, ou seja, aqueles com notas maiores ou igual a 7,0 automaticamente são convidados para participarem de outras etapas, que inclui a Jornada Espacial e Olimpíadas Internacionais, como foi o caso de Heloysa Nascimento, aluna do 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Vereador João da Silva Bezerra, na Divineia, que conquistou a medalha de ouro com a nota 9.6 na OBA e se prepara para a etapa internacional da competição.
Heloysa Nascimento, 16 anos, que nos outros anos conquistou as medalhas de prata e bronze, explicou como foi a rotina de estudo para levar a medalha de ouro. “Quando fiz a prova em 2019, me interessei bastante e foi esse interesse que me fez querer estudar mais para fazer a prova de 2020. Via bastante vídeo no Youtube, montava um cronograma de estudos, fazia as provas antigas, para ver o que eu errava e ia atrás e pesquisava mais. Fui fazendo desse jeito e deu certo o resultado”, afirmou a jovem, que disse que valeu a pena todo o esforço. “Além do estudo, a OBA te dá alguns benefícios como uma vaga na faculdade para determinados cursos. Ainda não sei qual escolher, mas astronomia pode ser uma das opções”, contou.
Inspiração para outros alunos
Um dos grandes incentivadores e apoiadores da Heloysa na OBA, o professor de ciências, Fábio Ceccheti, falou da persistência da aluna. “É uma caminhada muito gratificante. Heloysa é uma pessoa muito especial, uma aluna muito empenhada, concentrada, sem perder a doçura. Uma pessoa muito carinhosa e, ao mesmo tempo, com uma vontade que faz uma grande diferença. Esse é o diferencial. A capacidade dela de persistir e de insistir. Com isso, vejo para a Heloysa um futuro brilhante”, afirmou.
Diretora da unidade, Simone Reis Gonçalves vê a aluna como uma inspiração para outros estudantes de que vale a pena estudar. “A Heloysa cria esse exemplo e eu tenho a certeza que muitos dali que estão vendo essa movimentação vão querer ser uma Heloysa. Acho que esse é o sucesso de uma sociedade. Mostrar para todo mundo que dá certo, principalmente dentro da escola. A escola faz a diferença e é importante abraçarmos esse projeto como um todo”, disse.
A 25ª OBA foi realizada no dia 20/05/2022 de forma presencial dentro das escolas sob a supervisão dos professores aplicadores das provas.
Foto: Anselmo Mourão