A geração de emprego e renda sempre foi um tema muito discutido no Brasil, mas nesse pós-pandemia o assunto ficou ainda mais atual. Por conta do desemprego gerado pela crise econômica que o país vem passando nos últimos dois anos, as modalidades de emprego têm ficado diferentes e abrir uma micro ou pequena empresa, ou seja, ser Microempreendedor Individual (MEI), tem sido a saída de muitos brasileiros para continuar colocando o pão na mesa de casa. Mas manter uma empresa não é uma tarefa fácil, segundo os próprios empreendedores, e consequentemente, a geração de emprego fica prejudicada. Para falar sobre o assunto, a Folha entrevistou o vice-prefeito de Rio Bonito, Meco Contador, que disse ver na reforma tributária, uma saída para resolver o problema.
Segundo ele, durante o ano de 2021, 951 MEI’s foram abertos em Rio Bonito, além de 158 alterações feitas, como por exemplo, a inclusão de atividades no cadastro.
MEI
Com 25 anos de experiência no ramo da contabilidade, Meco analisa que além da formalização do negócio, o MEI traz outro benefício. “Entendo ser importante a questão da proteção social que o trabalhador que formaliza seu próprio negócio tem uma vez que passa a ser coberto pelo INSS, principalmente”, analisa ele.
De acordo com o Boletim do Mapa de Empresas divulgado pelo Ministério da Economia, no primeiro quadrimestre de 2022, foram abertas 1.350.127 empresas, o que representa um aumento de 11,5% em relação ao último quadrimestre de 2021. No mesmo quadrimestre, o estado do Rio de Janeiro teve 112.832 empresas abertas.
Esses números podem refletir mudanças de estilo de trabalho que a população precisou adotar para sobreviver, mas além deles, seguimentos tradicionais também tiveram mudanças a partir da pandemia, segundo a análise de Meco.
“Em razão dela (da pandemia) muitos hábitos de consumo mudaram e isto implicou em novas formas de se trabalhar. Temos o trabalho não presencial atualmente, onde o trabalhador não faz atendimento ao público e por isso trabalha de casa. Temos visto em diversos seguimentos, desde bancos, corretoras, instituições de ensino, escritórios de contabilidade, escritórios de advocacia, com audiências on-line, por exemplo”.Ele ainda completa sua análise dizendo que “Podemos fazer mais ainda para incrementar a quantidade de empregos e isto passa por uma ampla reforma tributária nos 3 níveis governamentais, Federal, Estadual e Municipal”.
Uma saída
Com 25 anos de experiência no ramo da contabilidade, Meco vê o sistema tributário do Brasil como uma pedra no caminho do empreendedor e consequentemente na geração de emprego e renda. “Nosso sistema tributário é muito complexo e burocrático e isto aumenta o custo para o cumprimento das obrigações tributárias. Deste modo, temos um sistema difícil de se entender, que restringe a participação do empreendedor e tende a aumentar a sonegação”.
Segundo o contador, “para se ter uma ideia do quão complexo é nosso sistema tributário, nos Estados Unidos perde-se em média, 175 horas por ano para calcular, pagar e gerir os impostos. No Brasil, a quantidade de horas anuais chega a impressionantes 1.501, em média”.
Ao final da entrevista, Meco Contador conclui que uma saída para fomentar o empreendedorismo e a geração de empregos, seria uma reforma tributária. “Penso que com uma reforma tributária que simplificasse realmente a forma de gestão dos impostos no Brasil, teríamos um incremento na atividade econômica e consequentemente a isso, poderíamos gerar mais empregos”.
Lívia Louzada