O Museu de Arte Contemporânea (MAC), em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, abriu sexta (21) para o público a exposição Ressurgência. Ela convida todos a darem a volta por cima e a respirar novos ares, apesar da pandemia do novo coronavírus.
O título se refere ao fenômeno oceanográfico que ocorre em grande parte do Brasil, quando ventos mudam de direção e fazem subir para a superfície águas mais frias, ricas em nutrientes. Também conhecido como afloramento, o ciclo da natureza pode inspirar a reinvenção e o desabrochar, na avaliação dos organizadores.
Essa é a proposta expositiva do Entreartes-Coletivo de Arte, que reúne, no MAC Niterói, os fotógrafos Luiz Bhering, Pedro Vasquez e Renato Moreth, além do arquiteto e designer Mario Costa Santos, responsável pelo projeto cenográfico do espaço.
A mostra é dedicada à memória do recém-falecido artista e restaurador Cláudio Valério Teixeira, e marca também a 11ª edição do Entreartes-Coletivo de Arte. Idealizado e produzido por Cacau Dias, o projeto está no terceiro ano de atuação e ocupa o MAC pela primeira vez. O objetivo é valorizar artistas locais que são referências em suas respectivas áreas de atuação.
Água escondida
Os artistas que participam da mostra são nascidos em Niterói, cujo nome, em tupi-guarani, significa água escondida. A curadora da exposição, Ana Schieck, informou à Agência Brasil que o nome da mostra remete ao significado de Niterói, cidade ligada ao mar, através do esporte olímpico da vela, “que nos deu destaque internacional”, das praias oceânicas e dentro da baía, das lagoas.
“E com a brincadeira da água escondida, surgiu a Ressurgência. Porque o objetivo da exposição é trazer um pouco de otimismo, de ânimo, para todos que venham nos visitar. A gente está passando por essa situação difícil (da pandemia) e Niterói tem a característica de dar a volta por cima, de enfrentar situações difíceis e se reinventar”, explicou.
Dessa necessidade de reinvenção surgiu o nome da mostra, que é um fenômeno oceanógrafo, “que não acontece em Niterói, mas no Brasil, e a gente resolveu puxar [o fenômeno] ele para Niterói, como uma metáfora dessa realimentação”, completou Ana. A cada um dos artistas foi apresentado o desafio de traduzir, a partir de sua poética, o sentido de renovação e de realimentação para o momento de recomposição da cidade e de seus valores, explicou a curadora.
Trabalhos
No total, são mais de 70 trabalhos expostos. O escritor e fotógrafo Pedro Vasquez celebra a natureza contraditória do mar, através de um conjunto de fotografias intitulado “Imagens do mundo flutuante”. Renato Moreth, profissional que percorre o mundo buscando imagens, dá destaque ao lado retratista, juntando rostos e emoções.
Já Luiz Bhering reuniu, em grandes fotos, os ângulos variados do próprio museu, obra de Oscar Niemeyer inaugurada em 1996 e símbolo da cidade. Bhering fotografou o MAC a partir de sua relação com a cidade e seu entorno.
“O protagonismo não é do MAC, mas ele está sempre presente e está incorporado na vida e na paisagem da cidade”, observou Ana. As águas também estão representadas na cenografia de Mario Costa Santos, por meio da projeção de imagens do mar no núcleo da exposição, onde ele exibe o processo criativo de uma linha de móveis, cujo design reúne os lados artesanal e tecnológico.
O MAC Niterói está situado no Mirante da Boa Viagem, no bairro Boa Viagem. A mostra pode ser vista até 18 de julho, de terça-feira a domingo, das 11h às 16h. Os ingressos têm preços populares de R$ 12 (inteira) e R$ 6 (meia). Estudantes da rede pública, crianças até sete anos de idade e moradores de Niterói não pagam. Às quartas-feiras, a entrada é gratuita para todos. O MAC segue normas de segurança sanitária para seu funcionamento.