O Centro de Inovação em Aquicultura de Maricá (Ciamar) deu início, nesta terça-feira (22), à primeira parte do novo ciclo de tilápias e camarões. Nesta etapa, foram recebidos 16 mil alevinos, ou seja, as tilápias na fase jovem. A expectativa é despescar 3 toneladas de tilápias ao fim do ciclo, que dura aproximadamente seis meses.
O Ciamar é um projeto da Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar) em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF).
Os peixes foram divididos em dois tanques, cada um com oito mil. Ainda que o objetivo principal do centro, localizado no Espraiado, seja cultivar camarões, as tilápias têm papel fundamental no processo de produção.
Segundo o coordenador do Ciamar, Khauê Vieira, à medida que os peixes são inseridos no processo de cultivo, geram compostos nitrogenados, que são formados a partir da ciclagem de nutrientes da água.
“Esses compostos podem ser tóxicos tanto para os peixes, quanto para os camarões. Mas, os peixes são mais resistentes. Conforme iniciamos primeiro o ciclo de produção de tilápias, esse processo se torna menos tóxico e menos prejudicial para os animais que estão na água. Depois, quando começarmos o ciclo do camarão, as bactérias já vão estar prontas para auxiliar o sistema na redução da substância e afetar o mínimo possível os camarões”, contou Khauê.
A previsão é que 160 mil larvas de camarões cheguem ao Ciamar daqui um mês. Esse vai ser o quarto ciclo do cultivo do crustáceo e o primeiro a contar com a participação plena da Fábrica de Rações desde o início do processo.
Fábrica de Rações
As tilápias foram divididas em dois tanques para a equipe conseguir fazer um teste comparativo. Em um dos recipientes, a ração utilizada vai ser uma de marca comercial consolidada no mercado. No outro, os peixes vão ser alimentados exclusivamente com a ração produzida na fábrica do Ciamar.
De acordo com o gerente da fábrica de rações do Ciamar, Lucas Lacerda, nesta fase de testes, vão ser produzidos cerca de 1,5 tonelada para cada tanque de tilápias e 700 quilos por tanque de camarões.
“O objetivo é comparar o desenvolvimento dos animais. Com os testes, conseguimos adequar a fabricação da nossa ração, caso haja necessidade, para uma maior produtividade dos peixes e camarões”, explicou Lucas.
Produção
A produção das rações começa com a escolha dos ingredientes que vão ser fonte de nutrientes para as rações. A fábrica tem um estoque com 21 matérias-primas diferentes, divididos em duas categorias: macroingredientes e microingredientes.
“Os macroingredientes, como farelo de soja, milho, farinha de trigo e farinha de peixe, vão em maior quantidade na nossa fórmula. Já os microsingredientes, que são basicamente vitaminas e minerais para completar os nutrientes, vão em menor proporção”, afirmou a nutricionista responsável da Fábrica de Rações do Ciamar, Rosana Oliveira.
Ela acrescenta que, após o recebimento dos ingredientes, a equipe faz uma análise química para saber a composição deles e finalizar a formulação, colocando as quantidades de proteína e gordura.
“Com a formulação finalizada, os ingredientes são colocados no moinho. Depois dessa etapa, eles são misturados, homogeneizados e acontece a adição do óleo. Após isso, eles vão para o processo de extrusão, que vai utilizar, basicamente, temperatura e pressão para unir todos os ingredientes, formando pelletes, que serão levados aos tanques. Por fim, os pelletes vão para a etapa de secagem e resfriamento, para serem armazenados, terminando o processo de produção da ração”, finalizou Rosana.