Um jardim só para doadores de órgãos. Idealizado por um psicólogo do Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio, o projeto busca acolher e confortar famílias que decidem doar órgãos de parentes através do plantio de mudas de jasmim.
Com o objetivo de valorizar a coragem de familiares pela escolha da doação, as mudas de jasmim “representam o órgão vivo a ser implantado” em outra pessoa. Mais de 150 mudas já foram plantadas no Jardim de Doador de Órgãos do Hospital Estadual Alberto Torres.
Segundo levantamento do Registro Brasileiro de Transplantes, em 2018, o Brasil teve 23.534 pessoas transplantadas, sendo 1.618 apenas no Rio de Janeiro.
Nesta semana, mais uma família plantou uma jasmineira. Vítima de uma tentativa de assalto, Amanda de Almeida Costa, de 20 anos, foi morta em Itaboraí, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, em março deste ano. Após ser comprovada morte encefálica, os familiares da jovem decidiram doar cinco órgãos: coração, fígado, rins, pâncreas e pulmão.
Acompanhada de mais de 15 parentes no momento do plantio – todos com balões vermelhos em formato de coração e blusas homenageando Amanda -, a mãe Ana Maria Souza Almeida contou que o coração da filha salvou uma mulher de 37 anos. “Quem sabe essa pessoa possa ser tão feliz quanto foi a Amanda – espirituosa e gentil”, disse.
Idealizado pelo psicólogo Luiz Antônio da Silva, o projeto surgiu em 2014 com o intuito de transformar o sentimento de familiares de doares de órgãos. Segundo ele, o plantio contribui para o entendimento e aceitação do falecimento das pessoas no contexto da morte encefálica.
Segundo Luiz, o projeto é o único com essa perspectiva de acolhimento no mundo. Divulgado em diversos congressos, o psicólogo já apresentou o Jardim do Doador de Órgãos em Portugal, na cidade do Porto, em 2016, e em Coimbra, em 2018.