O prefeito Eduardo Paes confirmou que o Jaé, novo sistema de bilhetagem do Rio, começará a operar experimentalmente na quarta-feira pelo serviço do BRT (Transoeste, Transcarioca e Transolímpica). E deu mais detalhes do cronograma de implantação, que será gradual. A partir de 1º de fevereiro de 2024, os modais municipais (BRT, VLT, ônibus, cabritinhos e vans legalizadas) só aceitarão o novo cartão.
— Pelo sistema atual (com o controle da Riocard) é como se tivéssemos a raposa tomando conta do galinheiro. Agora, haverá um intermediário entre as duas pontas. A prefeitura — disse o prefeito Eduardo Paes.
Ele lembrou que denúncias de corrupção na época da Lava-Jato tiveram como pano de fundo justamente os saldos não usados do Riocard:
— Jaé é transparência. Riocard é caixa-preta. Não vamos mais permitir que as empresas controlem a bilhetagem — disse Paes.
O Riocard continuará a ser usado nos serviços de transporte de concessão do governo do estado: linhas de ônibus e vans intermunicipais, barcas, trens e metrô. Ele valerá também, durante a fase de transição, em todos os modais de responsabilidade da prefeitura. No caso dos trens e do metrô, a concessionária do Jaé ainda negocia com as concessionárias a adesão ao sistema.
Novo sistema terá período de transição
A transição será por etapas. A partir de agosto, em cronograma a ser divulgado, o município vai começar a cadastrar as gratuidades de idosos, estudantes da rede pública e pessoas com deficiência. O esquema deverá ser feito em parceria com unidades de saúde e da Secretaria municipal de Educação. Entre agosto e outubro, a concessionária do Jaé fará a implantação gradual dos validares nos outros modais.
De novembro até o fim de janeiro, os passageiros de serviços municipais poderão optar por se deslocar com o Riocard ou com o Jaé. Em 1º de fevereiro, no entanto, somente o Jaé será permitido. No caso dos usuários do Bilhete Único Intermunicipal (BU) será montado um esquema híbrido. O novo operador ainda vai divulgar um cronograma para atendimento dos departamentos de recursos humanos das empresas que hoje compram créditos para seus funcionários apenas por intermédio do Riocard.
Também a partir da quarta-feira, os usuários do BRT já poderão adquirir cartões do Jaé nas estações. O cartão vai custar R$ 4,30, o valor da tarifa do Bilhete Único Carioca (BUC) e será revertido em créditos para a viagem. O cadastro no novo sistema já está disponível para proprietários de celulares que operam no sistema Android e IOS.
Uso do Riocard para BRT e mais um modal
O usuário terá que ser cuidadoso ao escolher o modelo de cartão. Isso porque na etapa atual, o Jaé só valerá para o BRT. Caso precise seguir viagem por outro modal, sem pagar outra passagem no período de validade do bilhete único (3 horas), o passageiro deverá usar o Riocard.
A secretária municipal de Transportes, Maina Celidonio, disse que o novo modelo vai dar mais transparência ao sistema, bem como permitir um melhor planejamento das viagens pela cidade, à medida que as informações sobre origem e destino passarão a ser monitoradas em tempo real.
— A primeira coisa que faremos é abrir a caixa-preta. Hoje, a bilhetagem está sob o controle das empresas. A gente não tem dados auditados nem consegue precisar quantos passageiros entram e o que é arrecadado. E para onde vai o saldo remanescente. A gente vai saber a receita do sistema e planejar a rede com mais eficiência. Hoje, temos muitos dados inconsistentes — diz Maina.
O início da implantação do Jaé, explicou a secretária, também é o primeiro passo para mudar o atual sistema de remuneração das empresas que operam o sistema em forma de consórcios. O objetivo é proporcionar maior equilíbrio nas receitas entre os consórcios Internorte, Intersul, Transcarioca (opera na região da Barra, Recreio e Jacarepaguá) e Zona Oeste (resto da Zona Oeste). Haverá uma espécie de câmera de compensação tarifária para ratear a receita arrecada.
— Atualmente (desde junho de 2022),a prefeitura tem um modelo híbrido de operação do sistema. Os consórcios são remunerados pela tarifa, e a prefeitura aporta um valor adicional, por quilômetro rodado. Nesse modelo, as empresas que operam o Intersul têm proporcionalmente mais receitas (por rodarem menores distâncias) do que o Santa Cruz. Quando o Sistema Jaé terminar de ser implantado, o quilômetro em qualquer lugar da cidade vai valer a mesa coisa.
O Riocard TI, que opera o sistema, por sua vez, sustenta que os dados sempre foram transparentes e as informações divulgadas para a prefeitura. Os acionistas da empresa estão ligados aos empresários que operam os ônibus da cidade em forma de consórcios e por regras do edital de concessão não puderam participar da concorrência. O Consórcio Bilhete Digital vai administrar o sistema por 12 anos (renováveis por igual período) em troca de uma participação nas receitas da bilhetagem.
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Foto: Luiz Ernesto Magalhães / Agência O Globo