Segundo delegada no julgamento da ex-deputada Flordelis, filhos biológicos tinham privilégios inclusive alimentares

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O primeiro dia do julgamento da ex-deputada Flordelis pela morte do pastor Anderson do Carmo, teve início nesta segunda-feira (7) no Tribunal do Júri em Niterói. Na sessão, três testemunhas foram ouvidas, dentre elas, a delegada Bárbara Lomba, que iniciou as investigações quando era titular da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG), o delegado Allan Duarte, responsável pela conclusão do inquérito e Regiane Ramos Cupti Rabello, chefe de Lucas dos Santos de Souza, um dos filhos adotivos da pastora, já condenado por participação no crime.

Além da ex-parlamentar também estão sendo julgados a filha biológica Simone dos Santos Rodrigues; a neta, Rayane dos Santos Oliveira; e os filhos afetivos André Luiz de Oliveira e Marzy Teixeira da Silva.

No início do julgamento, advogados de defesa dos acusados fizeram uma barreira entre os réus para evitar que eles fossem fotografados pela imprensa. A ex-parlamentar ficou um bom tempo de cabeça baixa, chorou e juntou as mãos em forma de prece, enquanto a filha adotiva Marzy também ficou bastante emocionada. Diferente dos outros depoimentos, Flordelis apareceu ainda de cabelo curto e um pouco mais claro. Todos vestiam camisa branca e calça jeans.

De acordo com a Justiça do Rio, em razão do número de réus, a expectativa é de que a sessão de julgamento ocorra em mais de um dia. Após o início do primeiro dia do júri, a audiência foi interrompida por volta das 20h, sendo retomada às 9h desta terça-feira (8), podendo se estender por mais dias. Outras 26 testemunhas de acusação e defesa, algumas delas por videoconferência, ainda serão ouvidas.

Delegada

A primeira testemunha a ser ouvida foi a delegada Bárbara Lomba, que pontuou que a relação familiar dos réus era conturbada e que havia grupos entre os parentes, sendo os filhos biológicos e os mais próximos à Flordelis privilegiados, inclusive, na qualidade da alimentação, o que provocava insatisfação entre os membros.

Segundo a delegada, além do controle de Anderson sobre as finanças da família, a rigidez na educação dos filhos também teriam prejudicado o relacionamento entre eles. Enquanto a ex-deputada era mais maleável quanto aos erros dos filhos, Anderson era mais rigoroso e chegou a proibir que um dos filhos adotivos, Lucas Cezar dos Santos, também condenado pelo crime, voltasse para a casa da família, por conta de seu envolvimento com o tráfico de drogas.

Além disso, Lomba ressaltou que Flordelis chegou a dizer à imprensa que o marido havia sido vítima de latrocínio e que morreu defendendo a família, o que não foi relatado à Polícia Civil. Ela relembrou ainda que provas do crime foram queimadas dentro do terreno onde a família morava e que os celulares de Anderson, Flordelis e Flávio dos Santos, filho biológico da ex-deputada e autor dos disparos que mataram o pastor, desapareceram.

Acusações

Flordelis é acusada de ser a mandante do crime e poderá responder por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima), tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.

Já a filha biológica, Simone dos Santos Rodrigues, e os filhos adotivos Marzy Teixeira da Silva e André Luiz de Oliveira poderão responder por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e associação criminosa armada. Enquanto, a neta Rayane dos Santos Oliveira, por homicídio triplamente qualificado e associação criminosa armada.

 

 

 

Fonte: Jornal O Dia

Foto: MAURICIO ALMEIDA/W9 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

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