O governo britânico ainda não divulgou os detalhes sobre os custos do funeral da rainha Elizabeth II que será realizado nesta segunda-feira (19), limitando-se a dizer que fornecerá as informações “no seu devido tempo”.
O valor envolvendo elaboradas procissões, vigílias e rituais deve ser bastante significativo e será totalmente coberto pelo Estado. Cerca de 500 chefes de Estado e dignatários estrangeiros foram convidados para o evento.
A expectativa é que a cerimônia e tudo o que ela envolve custe mais do que os últimos funerais de estado na Grã-Bretanha – o do primeiro-ministro Winston Churchill, em 1965, e o da rainha-mãe Elizabeth, em 2002. Este último, inclusive, custou 825 mil libras (cerca de R$ 4 milhões) para o Estado e mais 4,3 milhões de libras (R$ 26 milhões) para custear a segurança, segundo um relatório da Câmara dos Comuns do Reino Unido.
Alta nos preços
O valor do funeral da rainha Elizabeth II acompanha a alta nos preços que os consumidores na Grã-Bretanha estão sentindo. Esse é o ritmo de crescimento mais acelerado das últimas quatro décadas, com uma inflação de quase 10% impulsionada pelo aumento do custo da energia.
Na semana passada, a nova primeira-ministra da Grã-Bretanha, Liz Truss, apresentou um plano para limitar os custos anuais de energia a 2.500 libras para uma família de classe média. Antes que essa política de congelamento das contas de energia fosse anunciada, o Banco da Inglaterra apontou a expectativa de uma longa recessão ainda este ano.
Contradições
Com o cenário de preços elevados, inflação e crise energética, será que os britânicos estão dispostos a sentir no bolso os custos do funeral da rainha? “Eles são muito bons em conviver com essa contradição”, afirmou Anand Menon, professor de política europeia e relações exteriores do King’s College London ao The New York Times.
Isso acontece “porque o funeral é dela”, explica Menon, referindo-se à Elizabeth II, “e também porque nos dá a oportunidade de sediar o maior encontro diplomático de todos os tempos”. Espera-se a presença de um grande número de príncipes, primeiros-ministros e presidentes, incluindo o dos EUA, Joe Biden, e o do Brasil, Jair Bolsonaro.
O maior problema para os britânicos é a falta de transparência em torno das finanças da família real, incluindo o fato de que os membros não estão sujeitos ao imposto sobre herança que os cidadãos comuns pagam.
O Tesouro da Grã-Bretanha dá aos membros da monarquia um pagamento anual chamado de subvenção soberana (o último foi equivalente a R$ 500 milhões). A família usa os recursos para cumprir deveres oficiais da realeza, como visitas, folha de pagamento e tarefas domésticas, mas o valor não cobre os custos de segurança, que são pagos pelo governo e mantidos em segredo.
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