Após a morte confirmada de ao menos nove cachorros por suspeita de intoxicação ao consumir petiscos da Bassar Pet Food, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) suspendeu o uso de parte dos ingredientes fabricados pela empresa. A Polícia Civil investiga quase 50 casos que podem estar relacionados em nove estados e no Distrito Federal.
Trata-se de dois lotes da matéria-prima propilenoglicol, produzida pela fornecedora Tecno Clean Industrial Ltda, que foram usados nos petiscos. O propilenoglicol é um insumo utilizado pelo setor industrial na fabricação de alimentos para humanos e animais, adquirido pela empresa de um de seus fornecedores. O material estaria contaminado com etilenoglicol, substância tóxica também encontrada no caso da Cervejaria Backer, quando dez pessoas morreram e várias outras acabaram internadas e com sequelas permanentes.
A pasta reforçou que as empresas fabricantes de produtos para alimentação animal registradas no ministério também devem identificar os produtos fabricados com o uso dessas matérias-primas e, caso encontrem, devem fazer o recolhimento no comércio atacadista e varejista. “Os procedimentos deverão ser comunicados aos serviços de inspeção de produtos de origem animal de cada jurisdição, para controle e ações complementares do Mapa”, diz o ofício.
Em nota, a Bassar Pet Food anunciou um recall de seus produtos. A fabricante solicita aos consumidores que entreguem no local de venda os itens que já tenham adquirido anteriormente. “A Bassar Pet Food é a maior interessada no esclarecimento dos fatos, apoia as investigações do Mapa e das autoridades policiais e está colaborando com as investigações para a elucidação do caso”, informou o comunicado.
A empresa reforçou que o etilenoglicol não faz parte de nenhuma etapa da sua cadeia de produção. “Em complemento às investigações oficiais, estão sendo finalizados trabalhos de perícia na Bassar Pet Food em todo o processo de produção e maquinários em sua própria fábrica e de todas as matérias-primas que compõem seus produtos finais, cujas análises preliminares convergem no mesmo sentido do que está sendo apontado pelas autoridades”, acrescentou a nota.
A princípio, dois produtos haviam sido identificados com suspeita de contaminação: o Every Day sabor fígado (lote 3554) e o Dental Care (lote 3467). Logo que teve conhecimento do caso, o Grupo Pet retirou dos pontos de venda as embalagens do petisco Snack Cuidado Oral Hálito Fresco. Entre os principais sintomas identificados nos relatos estão convulsões, vômito, diarreia e prostração.
Aumento de mortes
A Polícia Civil de Minas Gerais informou que Minas, São Paulo, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Alagoas, Sergipe e Goiás têm relatos de intoxicação de cachorros. Conforme investigações, já são pelo menos 48 óbitos registrados com a mesma suspeita e outros cães permanecem internados com quadro de falência renal.
Todos os cães que passaram mal são de pequeno porte, como spitz alemão, shih tzu e yorkshire. Os animais que não morreram precisaram se submeter a hemodiálise. Os casos têm preocupado os tutores. “Passei em uma loja hoje (ontem) mesmo e foi assustador ver que vários petiscos que costumo comprar foram recolhidos por serem da Bassar. Minha cachorrinha poderia ter sido uma das vítimas e eu nem consigo imaginar o que faria se isso acontecesse”, disse a advogada brasiliense Mariana Queiroz, que tem uma cadela da raça yorkshire.
O Mapa encaminhou ofício da suspensão à Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), Associação Brasileira da Indústria e Comércio de Ingredientes e Aditivos para Alimentos (Abiam) e Associação Brasileira de Reciclagem Animal (Abra), para que colaborem na divulgação dos dados junto a seus associados.
A polícia recomenda que os tutores registrem boletim de ocorrência, em caso de suspeita. A orientação é de que os donos dos animais apresentem o máximo de detalhes para auxiliar nas investigações como, por exemplo, disponibilizar o petisco ou a embalagem dele, assim como o laudo clínico do cão.
Crédito: Correio Braziliense
Foto: arquivo pessoal