Cantinho do Poeta – Evaldo Peclat Nascimento

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UMA MANHÃ CHUVOSA E FRIA EM RIO DAS OSTRAS

Pela primeira vez em vários anos eu não consigo ver o mar na minha chegada pela praia das Tartarugas, em Rio das Ostras, na manhã de inverno do último dia 04/07/24. Uma chuva fina e fria, acompanhada de intensa neblina, cobre toda a extensão das águas deixando aparecer apenas as espumas das ondas que quebram nas areias. Em vez de os banhistas que normalmente transitam de calções e biquínis em dias ensolarados e quentes, vejo pessoas encapotadas, portando guarda-chuvas e abrigando-se em marquises e guaritas de ônibus.

A chuva fria aumenta a sensação térmica do frio. A cidade deixa de ser aquela “princesinha do mar” da Região dos Lagos para se transformar numa espécie de “New Orleans” açoitada pelos ventos e as rajadas de chuvas. Mas nem por isso perde o encanto e o glamour que a caracteriza. Agora, em vez de pessoas trajando shorts e biquínis, vemos transeuntes bem vestidos. Com vistosas capas e sobretudos.

 A rotina principalmente do Centro muda sensivelmente. Menos pessoas circulando nas ruas, obviamente. Mas as lojas continuam com um bom movimento. Até mesmo porque os clientes aproveitam os interiores delas para abrigarem-se do tempo enquanto examinam as novidades da estação mais fria do ano. Inclusive a maioria dos quiosques das praias do Centro e do Bosque fecha mais cedo, enquanto alguns nem mesmo abrem.

As águas das chuvas também expõem algumas mazelas que todas as cidades de porte médio infelizmente possuem. Como entupimento de bueiros por acúmulo de lixo, poças que se formam em buracos do asfalto e lama formada pelo excesso de areia acumulado nas margens das ruas. Também as praias ficam mais sujas pelas folhas, pedaços de madeiras e outros resíduos trazidos pela ressaca provocada pelas chuvas.

Porém, o tempo chuvoso também traz as suas compensações. Os pescadores de linha (caniços e molinetes) da praia do Centro, por exemplo, dizem que com o tempo chuvoso os pescadores que atuam com traineiras que colocam redes a 200/300 metros da praia deixam de fazê-lo. E isto permite que os peixes, como as carapebas, por exemplo, cheguem até a praia facilitando a pesca por eles.

Eles lembram inclusive que seria bom que os pescadores de traineiras deixassem de colocar definitivamente as referidas redes nas entradas das praias. Pois isto incentivaria a pesca com anzóis que é uma modalidade praticada por turistas que vêm de outras cidades. O que facilitaria a vida de pescadores locais e incentivaria o Turismo no Município.   

Chego finalmente em casa. Sem sol, sem praia e nem ninguém ao lado; e com chuva e frio, decido escrever a presente crônica sobre o clima. E me vem à mente um trecho da música do talentoso cantor Djavan: “um dia frio/um bom lugar pra ler um livro/e o pensamento lá em você/eu sem você não vivo”. E também outro do saudoso e sempre atual Belchior: “e as paralelas dos pneus n’água das ruas/são duas estradas nuas/em que foges do que é teu…” E eu, (sozinho) no meu apartamento, quarto andar, “abro a vidraça/e grito quando o carro passa: TEU INFINITO SOU EU”…

(Texto do livro “Crônicas Riostrenses – A Cidade na Visão de um Recém-Chegado”, que o autor está escrevendo)

            Evaldo Peclat Nascimento é Jornalista, Professor, Poeta e Conselheiro do Conselho Municipal de Cultura de Silva Jardim

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