As mortes de dois jornalistas em Maricá, no interior do Rio, em menos de um mês, levaram o Brasil a ocupar a 4ª posição de países mais perigosos para profissionais da área no primeiro semestre deste ano. Ao todo, 38 jornalistas morreram em 20 países neste período. O ranking foi divulgado na quinta-feira (4) pela ONG Campanha Emblema de Imprensa (PEC).
- México – 9 mortes
- Afeganistão – 6 mortes
- Paquistão – 4 mortes
- Brasil e Colômbia – 2 mortes
No mesmo período do ano passado, 66 jornalistas morreram em 22 países. Na ocasião, o Brasil apareceu na 7ª posição, com três mortes. Veja o ranking de 2018.
- Afeganistão – 11 mortes
- México – 8 mortes
- Síria – 7 mortes
- Estados Unidos da América (EUA) – 6 mortes
- Iêmen – 5 mortes
- Índia – 4 mortes
- Brasil – 7 mortes
Crimes em Maricá
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Em Maricá, o primeiro assassinato aconteceu no dia 25 de maio. Robson Giorno dono do jornal “O Maricá” foi morto a tiros na porta de casa. Já no dia 18 de junho, Romário da Silva Barros, de 31 anos, do portal “Lei Seca Maricá (LSM)”, foi morto a tiros dentro de um carro.
Imagens divulgadas pela Polícia Civil mostram o momento em que o jornalista entra no carro que estava estacionado e, em seguida, um homem corre até o local, abre a porta do veículo e dispara várias vezes contra a vítima.
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Nesta quarta-feira (3), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) se manifestou denunciando e condenando o assassinato de Romário. Na nota, a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, pediu o fim da impunidade, lembrando que a Declaração Universal dos Direitos Humanos “reconhece a liberdade de expressão como um direito humano fundamental”.
A mulher de Romário, Islay Monnerat, disse que: “Se ele morreu por conta do jornalismo, ele morreu feliz. Era o que ele amava”.
Investigação
Os dois crimes são investigados pela Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí. Nesta quinta-feira (4), questionada se alguém foi preso, se as mortes dos jornalistas têm relação e se a motivação dos crimes foi descoberta, a Polícia Civil disse que ainda não há informações a serem divulgadas.
Instituições repudiam crimes
Diversas instituições que defendem a classe jornalística se manifestaram contra os crimes ocorridos em Maricá. A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) emitiu uma nota pedindo celeridade na investigação.
O Programa Tim Lopes, da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), acompanha as investigações e apura se as duas mortes são retaliações e têm relação com a profissão da vítima. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) também se manifestou sobre os assassinatos. “Assim como o assassinato de Robson Giorno, é evidente que Romário também foi vítima de um crime premeditado, configurando uma execução”.
Fonte: G1