Peritos acham faca em carro de ex-assessor de Gabriel Monteiro e retiram peças para análise

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O trabalho de perícia no carro usado por Vinícius Hayden Witeze, ex-assessor do vereador e YouTuber Gabriel Monteiro morto durante capotamento na RJ-130, na Região Serrana do Rio, foi iniciado na manhã desta segunda-feira, por volta das 10h30, por agentes do Instituto de Criminalística Carlos Éboli. O veículo foi levado para a parte de trás do pátio da 110ª DP (Teresópolis). Os profissionais recolheram objetos, entre eles uma faca dentro do forro de uma das portas, e papéis que estavam no automóvel. Também foram retiradas peças do veículo para análise. O acidente aconteceu na rodovia que liga Teresópolis a Nova Friburgo na noite de sábado (28).

Por volta do meio-dia, o carro usado por Vinícius foi colocado na prancha de um reboque para ser levado a uma concessionária da Toyota, em Petrópolis, também na Região Serrana. A intenção é permitir que mecânicos e peritos façam a análise mais aprofundada de algumas peças do veículo e possam esclarecer as dúvidas sobre o que ocasionou o acidente. Durante o trabalho dos peritos no pátio da delegacia foram retirados o para-choque traseiro e algumas peças do motor para análise. Também foram recolhidos papéis encontrados dentro do automóvel.

O delegado da 110ª DP Márcio Mendonça disse que a expectativa é de que o resultado dessas perícias saiam em uma semana, mas a de engenharia pode demorar um pouco mais. Ele frisou que a intenção é tentar agilizar o máximo para esclarecer o mais rápido possível esse caso. O delegado informou que também pediu exame de alcoolemia de Vinicius Hayden.

De acordo com a Polícia Civil, as investigações preliminares indicam que o motorista perdeu a direção do veículo ao entrar em uma curva da rodovia na rodovia. Uma sobrevivente relatou aos policiais que não houve intervenção de terceiros no acidente. Na delegacia, ela negou que o carro estivesse em alta velocidade já que havia sinais de problemas mecânicos por uso de gasolina de baixa qualidade, descartou qualquer situação anormal e afirmou acreditar que o capotamento foi causado pela soma de três fatores: o desconhecimento da via, a escuridão e a sinalização precária da estrada.

A repórtagem apurou que, dentro do carro, foram encontradas cópias do depoimento que Hayden deu na Câmara de Vereadores do Rio no processo que pode culminar na cassação de Gabriel Monteiro, na última quarta-feira. Ele entrou e saiu do local cercado por seguranças e usando um colete à prova de balas, após dizer estar sendo alvo de ameaças.

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara do Rio, a vereadora Teresa Bergher informou ter recebido uma ligação em seu gabinete de Vinicius Hayden Witeze, na última sexta-feira, em que ele pedia que a Casa disponibilizasse seguranças para ele. “O procurador da câmara, José Minc, me disse que seria necessário um ofício das testemunhas pedindo a segurança. Na sexta-feira, o Vinícius ligou para o meu gabinete, pedindo segurança. Foi orientado a fazer um ofício com este pedido. Ele ficou de entregar o documento nesta segunda-feira, mas, infelizmente, não teve tempo. É tudo muito triste, muito chocante e estranho. Vamos aguardar a perícia no carro”, disse a vereadora, em nota.

Presidente do Conselho de Ética da Câmara, o vereador Alexandre Isquierdo (União), lamentou o acidente:

— Agora é aguardar a perícia da Polícia Civil, como quando há um acidente de carro com óbito. Lamento a morte, um rapaz jovem que deixa uma filha. Meus sentimentos à família — afirmou.

Relator do processo, o vereador Chico Alencar divulgou nota em que presta solidariedade para os familiares e amigos de Vinicius: “Que as circunstâncias do acidente que o vitimou sejam rigorosamente apuradas, inclusive com perícia do veículo que utilizava. O esclarecimento pleno e rápido dessa tragédia também reduzirá os temores de testemunhas a serem ainda ouvidas. As duas primeiras que depuseram no Conselho de Ética, o próprio Vinícius e Heitor, relataram, como é sabido, ter recebido ameaças, inclusive de morte”, afirmou o parlamentar.

Em suas redes sociais, Gabriel Monteiro disse lamentar a morte do ex-assessor e o acusou de forjar provas contra ele:

“Quem me conhece sabe que não desejo mal a ninguém. Meu ex-assessor que tinha sido pego oferecendo 600 mil reais a outro assessor para forjar provas contra mim. Que foi flagrado junto com o 02 da máfia do reboque. Morreu num acidente. É triste demais. Jamais torceria por esse fim! Após tentarem me forjar em estupros, pedofilias, assédios, e mil outros crimes. Vão falar que eu o matei. De coração, que ele esteja com Deus. Imagino a dor dos seus pais, pessoas maravilhosas”, escreveu.

Depoimentos na Câmara indicam ‘tocaia’

Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, Vinícius Hayden afirmou haver uma orientação para investigar parlamentares com o objetivo de produzir vídeos que os constrangessem publicamente. De acordo com Alexandre Isquierdo, um dos alvos dessas investigações foi a vereadora e ex-secretária de Assistência Social Laura Carneiro (PSD):

— Foram depoimentos ricos, robustos e vão ajudar o relatório final. A testemunha disse haver a orientação de investigar fatos impactantes para constranger outros vereadores. Não que os vereadores tenham preocupação sobre isso, mas se ocorreu, é no mínimo antiético. Ele queria, supostamente, algo próximo do que foi feito com o coronel Íbis. Com a vereadora Laura Carneiro, havia uma orientação de perseguir, ficar em tocaia, investigar que horas ela saía e entrava na secretaria, para onde e como ela viaja. De certa forma isso nos surpreendeu — afirmou Isquierdo na última quarta-feira.

O ex-assessor já havia contado à Polícia Civil que integrava um setor de funcionários do vereador criado para investigar pessoas apontadas por Monteiro para criar vídeos que agradassem seu público e lhes garantisse uma boa monetização.

Também na quarta-feira, o relator do processo Chico Alencar (PSOL) dissera que a defesa do vereador fez perguntas com o intuito de desqualificar as testemunhas, sem entrar no mérito da investigação:

— Ficou evidenciada a promiscuidade entre a atividade parlamentar e a de youtuber, que é privada. Ambos disseram vir muito pouco à Câmara e não conheciam a atividade interna do gabinete. Trabalhavam muito na casa do vereador. Eles detalharam como foi a produção dos vídeos. Uma palavra que eles usaram frequentemente foi “manipulação” dos personagens contratados para fazer os vídeos — afirmou Alencar.

credito: extra.globo

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A expectativa é que o acordo entre em vigor hoje quarta-feira (27) e que ele dure dois meses.
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