Mais uma vez a ultramaratonista de Rio Bonito, Drica Rosa, deu orgulho para a cidade. Ela correu 170km de montanhas em Minas Gerais e chegou em 1º lugar geral, entre homens e mulheres, na sua categoria, na Ultra dos Anjos Internacional (UAI). A corrida aconteceu no último fim de semana, do dia 7 ao dia 9, quando a atleta percorreu montanhas com até 5.400 de elevação em 27h28min.
Correndo contra quatro homens, sendo a única mulher a percorrer os 170km, Drica chegou em 1º lugar com uma vantagem de 16h e 18 min. Ela conta que ficou surpresa com o resultado, já que há dois anos passou por uma cirurgia, após uma fratura na perna e também porque pensava não estar treinada o suficiente para a prova.
“Eu coloquei na minha cabeça que não queria ser a última quando descobri que não haviam mulheres na categoria, minha meta era passar pelo menos um homem. Olhei para os caras na largada e eram só homens grandes, me perguntei se iria conseguir passar algum. E acabando que passei os quatro. O que mais me impressionou foi que minha diferença para o segundo colocado foi 16h e 18min. Não estou acostumada a ver isso. Já cheguei em provas na frente de homens, mas 16h foi muito. Fiquei muito surpresa”, conta ela.
Drica destaca ainda a sua sensação ao vencer a prova. “A corrida me deixa com uma sensação de que estou viva. Dia 17 (de julho) vai fazer 2 anos que eu operei, 2 anos do martírio, que eu ouvi que tinha que trocar de esporte porque não poderia mais correr. Deus foi tão maravilhoso que me deu a vitória geral com uma vantagem enorme. Agradeci muito a Deus, só não ajoelhei quando atravessei a linha de chegada porque não tinha mais pernas, e se ajoelhasse, não teria mais forças para levantar”.
Ela largou às 20h de sexta-feira (7), na cidade de Lagoa, e cruzou a linha de chegada no município de Passa Quatro no sábado à noite, passando pela Serra da Mantiqueira. Segundo Drica, um dos desafios da corrida foi o frio. Ela acredita que tenha chegado a correr com uma temperatura abaixo de 5 graus negativos.
“Levei 7h para atravessar essa mata (da Serra da Mantiqueira) devido ao terreno irregular, com muitas crateras e descidas muito inclinadas, e um frio horrível. Eu corri com duas camisas de manga comprida de segunda pele, um corta vento e um casaco Anorak (vestimenta impermeável). Durante o dia eu enfrentei um sol que estava castigando, mas quando começou a escurecer, começou o frio de novo. Eu acredito que na madrugada de sexta-feira para sábado, tenha pegado menos de 5° C graus negativos”, contou.
Apoio
Durante trechos da prova, a atleta teve, pela primeira vez em sua carreira, a ajuda de um carro de apoio, pilotado pelo empresário e amigo Douglas Prevot. “Corri com um carro de apoio, com Douglas Prevot. Ele foi controlando a minha alimentação e hidratação durante quase todo o percurso”.
Outra ajuda que Drica recebeu foi do seu patrocinador, a marca internacional de tênis esportivos Joe Nimble. Ela conta que foi a primeira vez que correu com um tênis próprio para trilha, e que o equipamento fez toda diferença.
“Essa é a primeira vez que faço uma ultramaratona com um tênis de trilha e foi maravilhoso porque voltei com todas as minhas unhas do pé, foi a primeira prova que não levei tombo nenhum, apesar de ser muito escorregadio e ter muitas pedras. O tênis é muito firme, me deu sensação de segurança e estabilidade. A maior parte dos tênis que a gente tem aqui no Brasil, apertam na parte dos dedos, e esse não”, explicou.
Lívia Louzada