O advogado Diogo Gomes, de 29 anos, decidiu cobrir uma tatuagem que tinha do Dalai Lama após recente polêmica envolvendo o líder espiritual tibetano e uma criança. Em um vídeo divulgado no início do mês, Dalai Lama, de 87 anos, pede que um menino chupe sua língua durante um evento.
“Quando eu soube da notícia, eu queria arrancar meu braço. Eu fiquei extremamente chocado, foi uma sensação de desespero. Quando vi o vídeo, senti que estava ferindo minha dignidade simplesmente pelo fato de ter o cara no meu braço”, disse Diogo Gomes, que é morador do Rio de Janeiro.
“Eu mandei mensagem para o tatuador logo depois que eu vi a matéria. Na mesma semana, eu estava no estúdio fazendo a cobertura”, completou o advogado.
A tatuagem foi feita há uma década e, após o arrependimento, a cobertura do rosto de Dalai Lama foi realizada pelo mesmo tatuador, o amigo Raphael Pontes.
“Quando eu fiz 18 anos, eu quis fazer minha primeira tatuagem. Eu falei com um amigo tatuador e escolhi fazer o [Mahatma] Gandhi. Logo depois, eu quis fazer a segunda e ele mesmo escolheu. Eu fiz o Dalai lama. Coisa de moleque. Dez anos depois acarretou nessa notícia horrorosa”, contou ao g1.
“Eu caí em negação. Quando eu acordei, estava num grupo de amigos os comentários. Eu comecei a mentir para mim mesmo que a pessoa que eu tinha tatuado já tinha morrido. Quando eu percebi que era o mesmo, veio o choque. Eu não tinha muito conhecimento quando fiz a tatuagem, foi algo mais estético. Agora [depois da cobertura], estou muito mais satisfeito, até minha autoestima melhorou”, disse.
Diogo Gomes disse ao g1 que leu alguns artigos de pessoas que justificavam a atitude de Dalai Lama por questões culturais. Os argumentos, no entanto, não são válidos para o advogado.
“Eu recebi alguns textos tentando explicar a situação como uma questão cultural. Não dá para normalizar esses costumes, é a mesma coisa que normalizar o que as mulheres passam no Oriente Médio. Não tem como normalizar tudo na vida. Por mais que seja uma questão cultural, para mim está fora de cogitação. Não consigo normalizar tudo”.
Após a repercussão do caso, Dalai Lama chegou a se desculpar e chamou o ato de “inocente e brincalhão”.
Crédito: g1.globo.com