Comunidade de Niterói passa por processo de sanitização

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Para chegar ao trabalho, em uma unidade de saúde particular no Fonseca, em Niterói, a analista de recursos humanos Mônica Souza, de 33 anos, caminha poucos metros. Desde que a cidade começou a tomar as primeiras medidas para conter o avanço do novo coronavírus, a jornada de trabalho da moradora da comunidade Vila Ipiranga foi alterada, e o trajeto curto só está sendo feito duas vezes por semana. Mesmo não trabalhando normalmente e sem precisar utilizar o transporte público, Mônica não está tranquila: o pai dela, Manoel Pereira, aos 67 anos, faz parte do grupo de risco do COVID-19, e a filha teme uma possível contaminação.

Com cerca de 12 mil moradores, a favela onde os dois vivem foi a primeira comunidade da cidade — e do Brasil — a passar pelo processo de sanitização por conta da propagação do coronavírus. A ação aconteceu na manhã desta quarta-feira (25), dois dias após Icaraí, na Zona Sul, também passar por limpezas em pontos de ônibus, calçadas e fachadas de prédios. Respeitando as recomendações de permanecerem em casa, Mônica e Manoel acompanharam juntos, de uma das janelas da casa, o trabalho dos sessenta e cinco profissionais que dedetizaram a comunidade.

“Fiquei sabendo pela internet que a comunidade ia ser limpa. Achei muito legal e importante. Estamos apreensivos, principalmente por conta do meu pai. Ele só está em casa, direto, mas eu preciso sair para trabalhar alguns dias” disse.

A movimentação nas ruas e vielas da comunidade também chamou a atenção da aposentada Dilceia Sotero Silva, de 69 anos, que deu uma pausa nos afazeres domésticos para observar o trabalho dos funcionários da Companhia de Limpeza Urbana (Clin) e dos agentes especializados da empresa contratada para executar o serviço. Ela elogiou a iniciativa, principalmente em benefício aos moradores da parta mais alta da favela, que é mais carente.

“Estava vendo o rebuliço e vim ver como ia funcionar. Lá para cima tem muita gente carente. Gente que vende doce, vende as coisas na rua, e que agora não está conseguindo trabalhar. Imagina se fica doente? Isso é muito necessário” afirmou a moradora, que vive há mais de seis décadas no local.

Na primeira fase da limpeza, os funcionários atuaram na parte baixa da Vila Ipiranga, para em seguida subir o morro e realizar a higienização de cima para baixo. O processo começou com a lavagem das vias com água e sabão, com auxílio de um caminhão pipa. Em seguida, o quaternario de amônia diluído em água foi aplicado nas calçadas, portões e escadas dos moradores.

A empresa responsável pelo processo de sanitização — tanto na comunidade quanto em Icaraí — utiliza a mesma técnica e produto utilizado pelo governo chinês em ruas do país como forma de combate ao coronavírus. O prefeito Rodrigo Neves (PDT), acompanhou a ação e afirmou que outras duas comunidades devem passar pelo processo de sanitização na próxima semana.

“Vamos atuar nas três maiores favelas de Niterói, que são a Vila Ipiranga, o Preventório (em Charitas) e o Morro do Estado (no Centro). Essas três favelas reúnem praticamente 50% da população que vive em comunidades em Niterói. A doença está muito concentrada no bairro de Icaraí, que tem a maior proporção de idosos, pessoas de classe média alta, e pessoas que viajaram ao exterior e acabaram contraindo o vírus e transmitiram aos seus familiares “, disse Neves.

Segundo o prefeito, avenidas da cidade também vão passar por higienização com o produto químico, e há possibilidade de outras comunidades também serem sanitizadas.

“Vamos calibrando as ações e estudando que outras comunidades precisam de medidas de sanitização. As vias principais tambem vão ser higienizadas, através da própria companhia de limpeza, porque estamos adquirindo o produto”, explicou Rodrigo Neves, citando as avenidas Ernani do Amaral Peixoto, no Centro, e Roberto Silveira, em Icaraí; a Rua Benjamin Constant, no Barreto, e a Estrada Franscisco da Cruz Nunes, que liga o Largo da Batalha a Itacoatiara.

Neves ainda lembrou que 80 mil kits de limpeza e higiene serão distribuídos pela prefeitura através dos médicos de familia, que vão incluir sabão líquido, álcool, detergente e água sanitária. Os produtos devem ser entregues a população a partir da próxima semana, após o encerramento da distribuição de cestas básicas.

“Niterói tem módulos de médicos de familia em todas as comunidades. Estamos fazendo a limpeza das favelas, mas é importante que a população siga as determinações das autoridades sanitárias em relação a higiene das mãos, limpeza das casas e isolamento social”, afirmou o prefeito.

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