Tolerância zero no combate a criminalidade, aumento do efetivo para as cidades do interior, e uma análise sobre segurança pública. Esses foram os principais assuntos da entrevista exclusiva concedida pelo ex-secretário de Polícia Civil do Rio, Allan Turnowski, no Rio de Janeiro, à reportagem da Folha. Atualmente ele está licenciado do cargo porque é pré-candidato a deputado federal.
Violência no interior
De acordo com o delegado, atualmente, no interior do estado, os índices de violência diminuíram e são equivalentes aos registrados em 2011, fruto do investimento que foi feito na Polícia. “A gente está trabalhando com compra de muita tecnologia, reforma de equipamento, e concurso público”.
Turnowski revelou ainda uma boa notícia para os moradores das cidades do interior do estado, que o efetivo será dobrado, e a estimativa é que esses novos policiais cheguem já no ano que vem.
“Pro interior, a gente quer colocar mil homens, dobrando o efetivo de todas as delegacias do interior. Levar pra lá equipamentos de inteligência. Para o delegado e sua equipe de investigadores poderem usar drone, helicóptero, Cellebrite, que é a busca de informação; poder buscar na mídia social informações pra evitar que com esse crescimento, que é muito bom que o interior se desenvolva, gere emprego, não gere violência. Para isso, a gente está se preparando, pra isso a gente está investindo. Em 2022 vão (os policiais que passaram em concurso) para a Academia de Polícia, e em 2023 a gente já vai estar dobrando o efetivo de todo o interior do estado”, contou.
Segurança pública
Para Turnowski, por muitas vezes, o trabalho da polícia é prejudicado pelas leis do país. “A gente sempre precisa de uma tragédia para justificar as nossas (da Polícia) ações, e quando elas ocorrem, os criminosos acreditando nesses defensores e nas leis fracas que foram criadas, resolvem enfrentar o estado, e sempre vão tomar o prejuízo porque o estado sempre vai ser mais forte”.
Um dos exemplos dessas leis mencionadas pelo delegado é a Lei 13.964 de 2019, conhecida como pacote anticrime, que dentre outras mudanças, alterou o tempo em que um condenado fica preso. Na análise dele, a progressão do regime acaba atrapalhando o trabalho do combate à criminalidade.
“Um pacote que traz que você tem progressão de regime em um crime hediondo, num crime violento. Você esquarteja uma mulher, é condenado há 30 anos (de prisão), e você tem direito a progressão de regime com 5 anos. É obvio que o crime passa a compensar, as pessoas passam a ter menos medo de praticar crime. A polícia do Rio, as polícias de todos os estados prendem diariamente e a população não sabe porque no dia seguinte está todo mundo solto novamente, e muitas vezes num crime violento, fica muito pouco tempo preso. Então tem que ser mudado, tem que ser avaliado pela sociedade o que a maioria quer. Está na hora de discutir isso e passar essa batalha contra o crime organizado para Brasília”, avalia o delegado.
Segundo ele, o cumprimento da pena é importante para que o crime não valha a pena. “O que gera mais violência é a impunidade, então para mim, cadeia, mesmo que não ressocialize, isso é uma coisa muito mais da pessoa do que da cadeia, evita que esses criminosos cometam tantos crimes contra a sociedade de bem”, analisa o ex-secretário de Polícia Civil.
Lívia Louzada