Pais e alunos relatam que escola no Boqueirão segue fechada mesmo após reformas

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Fechado há pouco mais de um mês, desde o dia 5 de fevereiro, mesmo após ter recebido reformas, o Colégio Estadual Doutor Roberto Pereira dos Santos, no Boqueirão, em Rio Bonito, segue sem poder receber os alunos da unidade, que foram transferidos temporariamente para o CE José Matoso Maia Forte, na Praça Cruzeiro, e ainda estariam sem aulas. É o que afirmam pais e alunos da localidade, que se reuniram na tarde do sábado (16) em frente a escola para denunciar o caso.

Mais de vinte pessoas, entre estudantes e responsáveis, estiveram em frente ao CE Doutor Roberto Pereira dos Santos com cartazes e músicas de protesto. A unidade foi fechada após ter sido verificado pela Empresa de Obras Públicas do Estado (Emop) que o teto tinha riscos de desabar. A Prefeitura de Rio Bonito disponibilizou transporte que leva os estudantes até o CE Matoso, que fica a três quilômetros de distância do colégio no Boqueirão. Entretanto, devido a mudança de turno das aulas, os mais de 120 alunos da unidade estariam tendo aulas de apenas três disciplinas.

Estudantes seguram cartazes em protesto ao fechamento da escola (Foto: Bruna Rodrigues)

“A gente já tá praticamente no início das provas do primeiro bimestre e eles não têm matéria porque não há professores”, denuncia Maristela Pires, uma das mães presentes na manifestação. “O Estado deu o prédio, o transporte, mas não deu professor; os professores estão alocados como funcionários do turno da manhã, mas eles lá estão funcionando à tarde. Então, não tem como eles darem aula à tarde porque também trabalham em outras escolas”, relata. “A gente tá com um diretor, uma secretária e um professor se desdobrando para darem conta de várias turmas, coisa que eles não estão conseguindo. Infelizmente, o primeiro bimestre já foi perdido”, lamenta a mãe.

Segundo informações, o diretor do CE Doutor Roberto teria promovido reformas na infraestrutura do colégio e contratado um engenheiro particular que teria atestado as boas condições do local. Porém, a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) ainda não liberou o retorno dos alunos para a unidade.

“Foram feitas reformas pelo novo diretor, coisa que há anos não se fazia. A gente nem vê problema nenhum, mas claro que precisaria da Defesa Civil. Nós precisamos que o governo e a Seeduc se posicionem para assinar um laudo liberando, porém, o engenheiro da Defesa Civil do município foi exonerado, então não tem ninguém pra assinar o laudo”, conta Cristiane de Jesus Marins de Carvalho, mãe de um aluno de 14 anos da unidade. Segundo outros relatos, a informação teria sido repassada aos pais durante uma reunião escolar, realizada no CE Matoso no início do ano letivo, que começou no último dia 6 de fevereiro (quarta-feira). A exoneração não foi confirmada pela Prefeitura da cidade.

Paródia da música “Cheguei”, da cantora Ludmilla, foi feita pelos alunos (Foto: Bruna Rodrigues)

Cristiane destaca também que, segundo o calendário da Seeduc, os alunos já deveriam estar fazendo provas, mas não possuem conteúdo para realizarem as avaliações. “Nós queremos o posicionamento da Seeduc para que a escola seja reaberta. A rede estadual do município não vai comportar todos esses alunos. Nós temos um colégio dentro do bairro, é direito nosso, pago com o nosso imposto, eles não estão fazendo de graça. É isso que estamos reivindicando, posicionamento do governo para que a escola seja consertada e reaberta”, declarou.

Aluno do 1º ano do Ensino Médio no CE Doutor Roberto, o estudante Murilo Crespo Vieira, de 15 anos, relatou a mudança vivenciada pelos alunos da unidade. “A gente sempre estudou de manhã, mas com tudo isso que aconteceu, nossa vida mudou da água para o vinho. Quem trabalhava de tarde, agora está trabalhando de manhã. Quem tinha seus compromissos de tarde, agora está fazendo de manhã. Estamos em falta de professores e isso dificultou muito a vida da gente, principalmente das pessoas que estão no 3º ano e vão fazer Enem, concurso e essas coisas e já estão muito atrasadas”, relata o adolescente.

“A gente ficou muito triste. Tinham boatos de que iriam demolir a escola. Essa é uma escola muito importante pra gente, foi onde conhecemos muitas pessoas que levamos pra vida toda. É uma escola em que o pessoal do Boqueirão inteiro estuda aqui e é acessível pra gente”, conta Murilo.

Escola conta com cerca de 128 alunos do Boqueirão e de bairros mais afastados do Centro, às margens da RJ-124, a Via Lagos (Foto: Bruna Rodrigues)

Uma das principais preocupações relatadas pelos pais dos alunos do CE Doutor Roberto Pereira dos Santos é a possibilidade de fechamento definitivo do colégio. “Essas crianças terem que ir embora pra rua depois de ter um colégio no bairro é dolorido”, desabafa Maristela. “A gente mora numa rodovia que tem um movimento danado. Como vamos transportar nossos filhos? Temos ali um viaduto que, para ter iluminação, tivemos que brigar muito, mas mesmo assim tem assalto, tem tudo. Como vamos deixar nossos filhos irem sozinhos pra rua?”, questiona a mãe.

Em nota, a Secretaria Estadual de Educação (Seeduc) afirmou estar trabalhando para a liberação da escola e também para solucionar a falta de professores na unidade.

Confira o pronunciamento abaixo:

“A Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) informa que as atividades do Colégio Estadual Doutor Roberto Pereira dos Santos, em Rio Bonito, estão acontecendo, temporariamente, no turno da tarde do Colégio Estadual José Matoso, localizado a cerca de 3 Km do antigo prédio. A medida emergencial foi tomada pela Seeduc para assegurar a integridade física dos 128 alunos e funcionários da escola que, de acordo com uma vistoria da Empresa de Obras Públicas do Estado (Emop), apresentava riscos estruturais. Os estudantes têm transporte garantido até a nova unidade escolar. A Secretaria ressalta que está buscando caminhos para cumprir todas as medidas de segurança para a comunidade escolar e trabalhando para reabrir a escola o mais rápido possível.

Houve a necessidade de reorganização do quadro de horários nesse processo de transição. As carências pontuais de docentes que, porventura, existirem serão supridas ao longo desta semana com a liberação de GLPs (Gratificações por Lotação Prioritária) aos professores que têm carga horária disponível. Os conteúdos perdidos das aulas serão repostos pela unidade escolar, com acompanhamento da Diretoria Regional”, finaliza.

A Prefeitura Municipal de Rio Bonito também foi procurada pela reportagem do FOLHA, que aguarda posicionamento sobre o caso.

Confira abaixo o vídeo da manifestação promovida neste sábado (16) por pais e alunos do CE Doutor Roberto Pereira dos Santos: 

https://www.instagram.com/p/BvFEmB0nJPP/

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