Com o objetivo de apresentar os resultados da pesquisa de campo realizada pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) na Fazenda dos Cordeiros, no ano passado, a propriedade promoveu a palestra “Cronossequência de Restauração Ecológica na Mata Atlântica — Efeitos no Carbono do Solo”. Foi no último dia 08/07, proferida pela equipe dirigida pela professora Agnieszka Latawiec, do Departamento de Geografia e Meio Ambiente. O encontro informou e orientou produtores rurais sobre a importância da restauração, preservação e manutenção de áreas verdes para a conservação do carbono nos solos.
A apresentação baseou-se nos seguintes temas-perguntas: “Resultados alcançados com a pesquisa comprovam a capacidade do solo em resgatar CO2 tanto quanto as florestas?” “Como a pesquisa de campo pode ser multiplicada para outras propriedades?” “Como a Prefeitura Municipal de Silva Jardim pode ajudar no repasse de recursos aos proprietários?” “Como calcular o sequestro do CO2?” “Quais os próximos passos?” “Quais as novas pesquisas em andamento?”
Equipe e convidados foram recebidos pelo proprietário da fazenda, Ayrton Violento, que falou sobre a importância da realização para um maior esclarecimento dos participantes sobre o assunto. Ele recepcionou os convidados com um farto café da manhã e um suculento almoço após a palestra, inclusive com produtos do próprio local. O encontro serviu, ainda, para que os participantes trocassem impressões e informações sobre o que fazerem para colocarem as suas terras no circuito do mercado de carbono. Ayrton apresentou o histórico da parceria com a universidade e projetos desenvolvidos, além de dar as boas-vindas aos participantes.
Os palestrantes explicaram os benefícios ambientais da restauração das florestas, assim como o seu valor monetário, agregado de acordo com o emergente mercado de aquisição de créditos de carbono no mundo. Mostraram, ainda, como se dá a venda de créditos de carbono e os valores respectivos segundo tabelas do mercado internacional. Além das diferentes camadas de deposição do carbono na crosta terrestre, com os referentes índices de potencialidade e aproveitamento.
Informaram que é importante determinar a quantidade e qualidade do carbono no solo para definir o valor de mercado. E alertaram que 60% de estudos não analisam o carbono no solo. Mas, apenas, o que vem diretamente das plantas, sendo que no solo ele é mais estável e rentável.
A palestra explicou, também, sobre a certificação, como ela se dá e os órgãos capazes de fazê-la. Mostrou, ademais, como fazer as coletas e as análises de amostras em laboratório. E que tais índices de carbono se modificam de acordo com as profundidades onde eles se acumulam. E que o carbono é mesmo fundamental para manutenção da terra e seu desenvolvimento, promovendo a retenção de água e colaborando para práticas de cultivo e manutenção das plantas.
Foi discutida, também, a necessidade de criação de legislações específicas e “políticas públicas” para a regulamentação do mercado do crédito de carbono no Estado do Rio de Janeiro, conforme o explanado pelos participantes Jocenildo de Andrade e Evaldo Peclat Nascimento, que desenvolvem projetos de Desenvolvimento Econômico Social e Sustentável em Silva Jardim. Jocenildo informou que, por iniciativa dos dois, já está em tramitação na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) uma lei que visa regulamentar o assunto. E que só mediante a aprovação dessa legislação, o mercado de carbono no Estado poderá ser devidamente implementado.
Participaram também representantes de organizações como “Instituto Espinhaço” (que fez uma explanação sobre os projetos e atividades ecológicas e ambientais da organização); “Instituto Rios Verdes” (cujo diretor Evaldo Coelho, propôs a criação de uma espécie de consórcio de produtores para promover a análise e certificação dos índices de carbono em suas propriedades); integrantes da UFRRJ; e o analista ambiental da Secretaria de Meio Ambiente de Silva Jardim, Thiago Albuquerque (que falou sobre as providências que o setor realiza para desenvolver e preservar o Meio Ambiente, assim como beneficiar os proprietários rurais do Município); além de vários proprietários rurais da Região.

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Por: Evaldo Peclat Nascimento
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