A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos e ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, pediu nesta sexta-feira a realização de uma investigação independente sobre suposto uso excessivo de força por autoridades da Venezuela ou milícias aliadas, citando relatos de ao menos 20 pessoas mortas nesta semana.
Segundo relatos, mais de 350 pessoas foram detidas durante protestos na Venezuela desde que o líder da oposição Juan Guaidó se autodeclarou presidente interino do país, desafiando o presidente Nicolás Maduro, disse Bachelet.
“Estou extremamente preocupada de que a situação na Venezuela possa rapidamente fugir do controle com consequências catastróficas”, disse ela, em comunicado emitido em Genebra.
“Qualquer incidente violento que resulte em morte ou ferimento deve ser sujeito a uma investigação independente e imparcial para determinar se houve uso excessivo de força pelas autoridades, ou se crimes foram cometidos por membros de grupos armados, sejam eles pró-governo ou não”, disse.
Bachelet pediu que os líderes políticos da Venezuela conduzam conversas para acalmar a “atmosfera cada vez mais incendiária” provocada por uma profunda crise social, política e econômica.
Os Estados Unidos estão tentando garantir que a renda de petróleo da Venezuela vá para Guaidó, presidente da Assembleia Nacional, e cortar os recursos de Maduro, disse uma autoridade dos EUA na quinta-feira.
A agência de refugiados da ONU, Acnur, disse estar monitorando a situação mas que até agora não havia registrado um fluxo maior de emigrantes venezuelanos, dos quais mais de 3 milhões já fugiram do país. A ONU disse no mês passado que cerca de 2 milhões de venezuelanos deve juntar a esse número em 2019.
“Ainda estamos nos preparando para qualquer potencial mudança no número de refugiados e imigrantes deixando a Venezuela”, disse a porta-voz do Acnur, Liz Throssell, em coletiva de imprensa.
“O que temos visto é que os movimentos da população têm, até agora, permanecido constantes desde o ano passado, e isso é de cerca de 5 mil venezuelanos deixando o país por dia em média.”
Muitos passam pela Colômbia a caminho do Peru ou do Equador, disse, acrescentando: “Nós temos visto um número significativo em extrema necessidade de proteção internacional para refugiados e auxílio humanitário.”
Fonte: Jornal Extra