O prefeito Eduardo Paes anunciou que vai proibir o funcionamento da Feira de Acari, tradicional comércio popular na Zona Norte do Rio.
“Depois de conversa nesse fim de semana com o governador @claudiocastroRJ, publico amanhã no Diário Oficial do Município decreto proibindo o funcionamento da Feira de Acari em qualquer dia da semana. Não é aceitável que uma ‘feira’ repleta de produtos de origem desconhecida tenha seu funcionamento normalizado na cidade”, postou.
Segundo o prefeito, o secretário de Ordem Pública, o delegado Brenno Carnevale, “está orientado a se articular com as forças policiais para impedir a instalação” da feira.
‘Não custa lembrar que a origem desses produtos é toda do crime organizado’, escreveu Paes.
O prefeito postou um documento com o texto que pretende usar no decreto, no qual cita:
prejuízo de quase R$ 390 milhões com roubo de carga no estado;
que 30% dos roubos de carga do país foram no RJ em 2023;
que a feira de Acari não é autorizada pela prefeitura e que relatórios de inteligência registram a ligação da feira com envolvidos no tráfico de drogas, roubo de carga, contrabando e furto de energia.
Cantada em músicas
Famosa por seus preços baixos, mas também pela origem duvidosa de alguns produtos, a Feira de Acari tem até funk cantado pelo MC Batata, sucesso nos anos 1990.
Na letra, um homem que precisava de um fogão se assustou com os preços até que um amigo indica a Feira de Acari:
“Ele disse que na feira / Pelo preço de um bujão / Eu comprava a geladeira /As panelas e o fogão / Tudo isso tu encontra / Numa rua logo ali / É molinho de achar / É lá na feira de Acari / É sim lá em Acari”
Em “W/Brasil”, Jorge Ben Jor também cantou a feira, que definiu como “um sucesso” e “um mistério”:
“Deu no New York Time / A Feira de Acari é um sucesso / Tem de tudo / É um mistério”.
São rotineiras as operações policiais e de ordem pública na Feira de Acari, para combate ao comércio irregular, de animais silvestres, a produtos roubados ou alimentos fora da validade ou dos padrões sanitários.
Repercussão
A proibição gerou críticas imediatas. A vereadora Thais Ferreira (PSOL-RJ) comentou que muitos dos feirantes – que serão impedidos de trabalhar caso a feira seja proibida – foram vítimas da enchente que causou mortes e desalojou milhares de pessoas há uma semana.
“Num momento em que Acari sofre com o impacto das chuvas de verão, graças à falta de políticas públicas, a Feira de Acari, reconhecida como patrimônio cultural de natureza imaterial da cidade, é ameaçada pela Prefeitura com uma justificativa que demonstra ainda mais a ausência das autoridades na garantia dos direitos básicos da população desse território. Se o problema são os produtos desconhecidos, que tenha fiscalização!”, escreveu.
“Uma grande maioria da população do território de Acari sofreu perdas sem precedentes com as últimas chuvas. Nós vimos, nos últimos dias, as cenas tristes de casas com água até o teto. Muitos desses moradores têm a feira como única fonte de renda. Que alternativa será dada para essas pessoas?”, postou a vereadora.
Nas redes sociais, muita gente também criticou:
“Fechar a feira de Acari é mais fácil do que reprimir a venda e receptação de produtos roubados? E os demais feirantes que trabalham de forma correta ali, como farão? Nossos políticos cariocas seguem sendo ‘geniais e imparciais'”, escreveu um empresário.
Fonte: g1.globo.com
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