Em 2025, o Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos do Cruzeiro, do bairro Praça Cruzeiro, celebra 50 anos de existência. Com o enredo “Cruzeiro, 50 anos de história e resistência” a agremiação busca homenagear seu próprio legado e guarda como surpresa para o desfile uma nova versão de seu símbolo, o leão.
Para o desfile deste ano, a Unidos do Cruzeiro tem aproximadamente 15 pessoas trabalhando ativamente na preparação. Para desfilar, a escola contará com 250 componentes, sete a oito alas com 20 pessoas em cada uma, e cerca de 40 integrantes na bateria, comandada pelo Mestre João.
Durante o ensaio, na última sexta-feira (14), na quadra da escola, o presidente José Antônio da Silva, que já fez de tudo, participou da bateria, atuou como diretor de harmonia e foi o intérprete do Cruzeiro até 2023, contou que a ideia do enredo foi dele, já que viveu seus momentos mais felizes dentro da agremiação. “Aqui eu tive os melhores momentos da minha vida, por isso que eu amo isso aqui”.
O presidente ainda conta que deixou o posto depois de 28 anos, para dar chances a novos integrantes da escola, como o atual intérprete, Pedro Bradock. “Eu passei (o posto de intérprete) para os garotos, a gente tem que entender que o tempo passa e a gente tem que dar oportunidade para os mais novos”.
Já o carnavalesco, Aldair Schumacher, que está no seu segundo ano com a escola, destacou que o enredo é um marco importante para ele também. “O tema ‘Cruzeiro, 50 anos de história e resistência’ é um marco importante não apenas para a escola de samba, mas também para a minha carreira como carnavalesco. Sou um carnavalesco que busco envolver a criatividade, planejamento e gestão, com o objetivo de proporcionar um espetáculo que combine arte, música, dança, cultura, história e residência”.
Aldair, que convive com uma deficiência auditiva, explica como é participar de uma escola de samba. “A experiência da G.R.E.S Unidos do Cruzeiro com um carnavalesco com deficiência é uma história inspiradora, única e tem promovido uma maior inclusão e visibilidade para pessoas com deficiência no carnaval”.
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Ainda, o carnavalesco deixa uma mensagem sobre a participação de pessoas com deficiência nas escolas. “Que as pessoas com deficiências sejam vistas como cidadãos com direitos e deveres em participação na sociedade, fazendo também novas amizades e companheiros que os apoiem e os incentivem a superar desafios”.
O único membro da velha guarda vivo, que ainda participa da Unidos do Cruzeiro, é Gerci Quirino. Ele fez parte da fundação e da construção da quadra, junto de sua família e outros moradores da Praça Cruzeiro, e ainda colabora com a bateria, tocando bambu, pandeiro e cuíca.
Sobre o amor à escola, Gerci lembra de quando perdeu um dos dedos, durante a preparação para o desfile, que resultaria no primeiro título do Cruzeiro. “No nosso primeiro título, ganhamos do Serrano, que fez as três caravelas e nós fizemos um navio negreiro. E custou meu sangue, eu trabalhava em Silva Jardim, quando chegava, ia ajudar a fazer o navio negreiro e o resultado tá aqui (a perda de um dos dedos), ganhamos o carnaval, com a mão enfaixada, sangrando, mas foi por amor à escola”. Conta um dos personagens mais marcantes da agremiação, que vai para seu 50º carnaval.
Por Clara Egger (estagiária sob supervisão)
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