Ecos do Carnaval 2024 em Silva Jardim
Porque acho importante e também por dever de ofício (sou conselheiro Municipal de Cultura, além de jornalista e poeta), eu não poderia deixar de usar esse espaço para registrar a realização do Carnaval em Silva Jardim esse ano. Dentro das suas possibilidades foi uma bonita festa onde o povo se divertiu bastante. Destaque para as apresentações dos blocos carnavalescos, da Sociedade Folclórica Mineiro-Pau e da retreta formada por músicos da banda da Sociedade Musical e Dramática Honório Coelho.
Entre os blocos, dois que surpreenderam pela irreverência e coragem na escolha dos nomes e dos “enredos”: “Já que tá Dentro Deixa”, fazendo um alerta bem humorado sobre a necessidade do uso de preservativos para o controle da natalidade e de doenças sexualmente transmissíveis. “Já que tá dentro deixa. É sacanagem. Nessa viagem. Vou fazer você delirar. Depois de nove meses pra não se lamentar. Usar preservativo pra não ter DNA” (diz o refrão do samba).
E o “Cabaré”, que saiu com um caminhão pipa d’água jogando o líquido nos foliões e cantando o refrão “Eu vou largar a minha casa/E vou morar no cabaré/Lá eu fico à vontade e rodeado de mulher”. Eu mesmo desfilei, de abadá e pulseira, no “Cabaré”, com direito a cervejas por conta, embora não seja frequentador do mencionado estabelecimento.
A retreta carnavalesca da “furiosa” da Sociedade Musical e Dramática Honório Coelho também fez bonito puxando cordões de foliões ao som de antigas marchinhas. Destaque, ainda, para o “bloco” dos funcionários da secretaria de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer, que esteve incansável na organização, coordenação e acompanhamento do evento tendo a frente a secretária, Luanna Andrade, e a subsecretária de Cultura, Valciele Rodrigues.
Entre os grupos musicais que se apresentaram os destaques foram o de pagode “Lance Solto”, fechando a noite de domingo; e “Stratégia” no sábado. Na sexta-feira, a banda de marchinhas comandada pelo cavaquinistra Jorginho Nascimento. Muito boas também as atrações para as crianças que contaram com brincadeiras, marchinhas e concurso de fantasias.
Na terça-feira, a noite foi marcada pela aguardada apresentação do bloco “Cabaré”, Também na segunda-feira, a emocionante apresentação do “Bloco da Fazenda Brasil”, homenageando antigos moradores do local com suas fotos numa enorme Bandeira Nacional, como Primo Dalto, Eduardo, Tio Chico, Valcir e Dongo, “Olhem bem para a nossa bandeira”, dizia o puxador. Fechando as apresentações dos blocos na terça-feira, o VVN, que cantou vários sambas de sucessos. E o grupo de pagode “Que Vai”, com animação até as duas horas da madrugada. Ele aproveitou para puxar o “Parabéns pra Você” para a prefeita Maira Figueiredo, que aniversariou no dia 14/02, e estava no local abraçando e posando para fotos com foliões.
Cláudia Márcia Macedo, filha de um deles, me pede para lembrar, ainda, os antigos carnavalescos que fizeram história em Silva Jardim,em carnavais passados como Manuel Macedo (pai dela), Getúlio Cancian, Beto Batatão, Wilson Marques da Cruz, Hélio Gogó, Carlinhos Santiago, Celso Preto, Chico Meganha, Rui e Gatinho (todos já falecidos, de Silva Jardim), e Luiz Odílio, Luiz Muniz, Joamir, Alonso Tá Tranquilo e Duia (que eram “importados” de Rio Bonito), além de Bolão, de São Gonçalo.
O Carnaval é uma festa Cultural nacional e universal, mas cada cidade tem as suas próprias peculiaridades. Em Silva Jardim é marcada pela reunião de famílias, pessoas de outras cidades que preferem fugir da agitação dos grandes centros urbanos e os foliões locais que investem na irreverência e no enaltecimento das belezas naturais do município.
Registro também a atuação do “carnavalesco nato” conhecido como Marquinhos Caranga, que participou como puxador de sambas praticamente de todos os blocos, inclusive o “Cabaré”. Ele é filho de “Gatinho” e sobrinho de “Beto Batatão”, ambos antigos carnavalescos de Silva Jardim já falecidos. É também fundador do bloco “Vai, Vomita e Volta” que marcou época no Carnaval do Município.
A “nota” que destoou no “samba” da organização do Carnaval em Silva Jardim, entretanto, foi a colocação do palco no meio da Rua Luiz Gomes, entre a Praça Amaral Peixoto e a sede da Prefeitura. O que bloqueou o livre trânsito dos foliões para a parte detrás dele e concentrou praticamente todo o movimento, inclusive o comercial, na sua parte da frente. Onde, aliás, os bares e barracas de ambulantes armadas tiveram um ótimo consumo.
(Evaldo Peclat Nascimento é Jornalista, Professor, Poeta e conselheiro do Conselho Municipal de Cultura de Silva Jardim).