Legado indesejado. Nos últimos três anos, cinco ex-governadores do Rio de Janeiro que ainda estão vivos já foram presos. O mais recente é o ex-governador e ex-ministro de Minas e Energia Moreira Franco, preso pela Operação Lava Jato do Rio, que também deteu o ex-presidente Michel Temer. Além de Franco, Luiz Fernando Pezão, Sergio Cabral, Rosinha Garotinho e Anthony Garotinho também já foram presos. Benedita da Silva e Nilo Batista, que nunca foram presos, foram vice-governadores que assumiram os mandatos dos governadores eleitos; Garotinho e Leonel Brizolla.
Moreira Franco
Moreira Franco foi preso nesta quinta-feira (21), pela Operação Lava Jato. Os mandados de prisão foram expedidos pelo juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, Marcelo Bretas, com base em uma delação do dono da Engevix. José Antunes Sobrinho afirmou, em depoimento à Polícia Federal, ter pago R$ 1 milhão em propina a pedido de um amigo de Michel Temer e de Moreira Franco, ação da qual o ex-presidente já teria conhecimento. A empresa Engevix havia firmado contrato no projeto da usina nuclear de Angra 3, em Angra dos Reis.
Franco entrou na política nos anos 70, pelo PMDB, tornando-se prefeito de Niterói em 1977. Dez anos depois, veio a ser governador do Rio de Janeiro, tendo expandido as linhas 1 e 2 do metrô e construído o primeiro presídio de segurança máxima do Brasil, Bangu 1. Durante a gestão Temer, o ex-ministro atuou como secretário-geral da Presidência e também como secretário-executivo do Programa de Parceria de Investimentos.
Pezão
Luiz Fernando Pezão, que governou o Rio entre 2014 e 2018, foi preso em dezembro do ano passado e está hoje no Complexo Prisional da Polícia Militar, no Fonseca, em Niterói. Ele foi condenado pela 8ª Vara de Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) por improbidade administrativa, e perdeu os direitos políticos por cinco anos, além de ter recebido multa de 50 vezes sua remuneração e ser proibido de contratação e recebimentos fiscais por três anos.
Pezão assumiu o cargo em abril de 2014, após Sérgio Cabral, de quem era vice, renunciar ao governo. No mesmo ano, ele foi eleito para governar o estado. Chegou a ser alvo de pedidos de impeachment, mas terminou seu mandado em dezembro de 2018. Após ser preso, a poucos dias do fim de seu governo, quem assumiu o cargo foi seu vice, Francisco Dornelles.
Cabral
Sérgio Cabral foi preso em novembro de 2016, acusado de receber propina pela concessão de obras públicas. Atualmente, ele está na penitenciária Bangu 8. Cabral é um dos condenados da Lava Jato, réu em 28 processos, e tem, ao total, 198 anos e 6 meses de pena. Recentemente, ele admitiu ter recebido propina e afirmou que dinheiro era “seu vício”.
Cabral teria começado a receber propinas em 2007, no início de seu governo. Ele chegou a ser reeleito e esteve no poder até 2014, quando renunciou ao cargo, assumido por Luiz Fernando Pezão, o qual ele denuncia também ter recebido propina.
Rosinha Garotinho
Rosinha Garotinho foi presa junto com o marido Anthony Garotinho também em novembro de 2017, acusada de crimes eleitorais. Ela chegou a ficar presa por uma semana em Benfica, mas foi solta e aguarda o processo em liberdade. Ela e o marido são investigados por corrupção, concussão, participação em organização criminosa e falsidade na prestação das contas eleitorais, porém, negam o crime.
A ex-governadora foi condenada em janeiro de 2019 por improbidade administrativa através de fraudes na saúde, quando estava no poder. A pena de Rosinha pode chegar a oito anos de direitos políticos suspensos e perda da função pública, além de multa de R$ 234 milhões de ressarcimento aos cofres públicos, R$ 2 milhões de compensação por danos morais coletivos e mais R$ 500 mil de multa civil.
Garotinho
Anthony Garotinho chegou a ser preso três vezes em apenas um ano: a primeira vez foi novembro de 2016, na operação Chequinho, que investigava um esquema de compra de votos através do programa social Cheque Cidadão. A segunda foi em setembro de 2017, quando o ex-governador foi condenado por fraude eleitoral; na época, Garotinho cumpriu prisão domiciliar. A terceira foi apenas dois meses depois.
Garotinho foi governador do Rio de Janeiro entre 1999 e 2002, tendo Benedita da Silva como sua vice, disputando contra César Maia. Investiu em programas sociais como Restaurante Popular e também em outras áreas, com a criação do projeto Delegacia Legal e a regulamentação de transportes alternativos no Estado.
Ele chegou a lançar sua candidatura ao governo do Estado nas eleições do ano passado, mas foi barrado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei da Ficha Limpa.