Cerca de 40% da população da periferia tem vontade de empreender

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Um em cada quatro moradores de favelas e periferias do Rio quer empreender, segundo dados de pesquisa do Instituto Data Favela. O interesse nessas regiões é o dobro do apresentado pela população em geral. A informação foi divulgada durante audiência pública da Comissão de Economia da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), nesta quinta-feira (09/05), na sede da Casa Voz, localizada no Complexo do Alemão. No encontro, foram debatidos os desafios da economia criativa e do empreendedorismo em favelas e periferias, que movimentam por ano no país R$ 68 bilhões, de acordo com dados do Data Favela.

A gestora de projetos do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Suzana Mattos, ainda informou que 10% da população do estado – que hoje chega a 16 milhões de habitantes – vive na periferia. “O estado é o único da região sudeste com essa porcentagem de moradores em favelas. Esses locais têm um contingente populacional enorme e precisa ser impulsionado. É nosso papel dar ferramentas para ajudar o empreendedor a ter um negócio mais forte dentro das comunidades”, disse.

Mulheres empreendendo

Ela ainda ressaltou que o número de mulheres empreendedoras nas favelas vem crescendo desde 2014. “Atualmente, 54% das pessoas que acessam o nosso serviço para se tornar Microempreendedor Individual (MEI) são mulheres. Isso é um fenômeno. O Sebrae está atento a isso e estamos pensando em um projeto com foco no empreendedorismo feminino”, relatou Suzana.

Edmara Freitas engloba esse número de empresárias. Ela é uma das donas da agência de viagem Favela Vai Voando, criada há 9 anos em São Paulo, e que hoje conta com mais de 200 pontos de venda em todo Brasil. “A potência da favela está em evidência. Minha agência nasce desse projeto que tem como objetivo fortalecer o turismo dentro das regiões periféricas do país. Meu estabelecimento fica em Bangu e vendo por mês cerca de 200 passagens de avião. É um orgulho pra mim como mulher, negra, favelada, ter hoje um negócio de sucesso. Meu objetivo é incentivar outras mulheres a fazer como eu fiz”, relatou.

Para o representante do fundo de investimento Investe Favela, Reginaldo Lima, todo empreendedor da periferia tem um diferencial. “Trabalhamos com metodologia de guerra. Todo negociante que consegue manter a sua quitanda aberta, gerando lucro, em meio a tanta condição adversa, como tiroteios diários, consegue empreender em qualquer lugar do mundo e isso precisa ser valorizado”, argumentou. Ele também frisou que o número de clientes nessa área é enorme. “Uma favela pequena não tem menos do que 15 a 20 mil habitantes, uma média chega a 100 mil habitantes. E ainda assim, grandes empresas ainda não chegam nessa área, é aí que o empreendedor da periferia cria a sua oportunidade”, relatou.

Burocratização, um desafio a ser vencido

No entanto, a burocratização para criar um negócio formal ainda é um desafio nessas localidades. “Na favela você tem algumas características únicas. Alguns moradores, por exemplo, não têm documentos como certidão de nascimento e identidade, o que impossibilita o acesso a crédito no banco, e por consequência a não abertura do negócio” exemplificou o presidente da Comissão de Economia, deputado Renan Ferreirinha (PSB). Além disso, o parlamentar lembrou que falta informação de instituições como o Sebrae e a Agência Estadual de Fomento (AgeRio) nas comunidades. “Queremos levar essa audiência também para outras favelas. As pessoas precisam desse conhecimento compartilhado hoje. A nossa previsão é de que em até 60 dias a gente se reúna novamente, a princípio na Cidade de Deus”, concluiu.

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