“Nascidos para competir”. O slogan resume bem o espírito do “The Myths Brazil Team” (TMB), projeto da Universidade Federal Fluminense e do Programa de Educação Tutorial de Engenharia Mecânica (PET MEC) que reúne um grupo de alunos de diferentes cursos da universidade. Eles retornaram recentemente dos Estados Unidos, onde participaram da NASA Human Exploration Rover Challenge, competição realizada anualmente no Space Rocket Center, em Huntsville, Alabama.
A agência espacial americana incentiva, com essa competição, o surgimento de uma nova geração de jovens cientistas que queira explorar o espaço. Já os estudantes que compõem a equipe da UFF buscam, por sua vez, expandir conhecimento, trocar novas experiências e tornarem-se profissionais diferenciados no mercado de trabalho brasileiro e mundial.
O evento incentiva jovens de todo o mundo a desenvolver um veículo movido pela força humana, e que possa se locomover na superfície de outro planeta; ou seja, a invenção vai possibilitar aos grupos participantes explorar o cosmos pedalando sem parar. Nesse sentido, os integrantes do “Myths Brazil Team” se reuniram, criaram, construíram e testaram novas tecnologias capazes de enfrentar os desafios de ambientes interplanetários, o que resultou na construção de um rover, um triciclo a pedal pilotado por dois “cosmonautas”.
Segundo o aluno de engenharia mecânica, Victor Sassi, 24 anos, havia 110 equipes inscritas, reunindo alunos de todo o mundo. Apenas a brasileira e outras 38 terminaram a prova, cuja pista ofereceu 18 obstáculos semelhantes aos solos lunar e marciano. “O percurso por si só já é um grande desafio. Nossa pontuação foi maior que a do ano passado, ocasião em que também enfrentamos muitas dificuldades e ultrapassamos somente um único obstáculo. Esse ano fizemos mais da metade da prova”, comemorou o estudante.
“Um dos grandes motivos que nos levaram a competir foi o preço do nosso Rover: apenas 1000 dólares, enquanto os das outras equipes custaram algo em torno de U$ 7 mil dólares. Entretanto, a maior dificuldade foi o preço das passagens, por volta de R$ 27.500,00 para levar a equipe toda aos Estados Unidos”, relatou Sassi.
Equipe
Premiada em 2018 com o Neil Armstrong Best Design Award, pelo melhor projeto levando em consideração a fabricação, o custo e a funcionalidade, a TMB foi a primeira equipe de uma universidade brasileira a participar do evento. Além disso, o grupo é orientado pela primeira mulher diretora da Escola de Engenharia da UFF, a professora Fabiana Leta e conta com o apoio dos professores Márcio Cataldi, do Departamento de Engenharia Ambiental, e Luiza Rebelo, do Departamento de Desenho Industrial.
Capitaneado pelo estudante de Engenharia Mecânica e ex-integrante da equipe de robótica da universidade, Victor Sassi, e pela aluna Karina Karim, o grupo é formado pelos graduandos Arthur Alves, Ana Beatriz, Bernardo Noronha, Eduarda Marques, Igor Machado, Lucas Albuquerque, Luísa Machado, Matheus Genaro e Pedro Pontes.
Investimento
O mais interessante ainda, segundo Sassi, é que a equipe do TMB este ano investiu em inovação. A roda, por exemplo, foi toda feita em fibra de carbono, e pela primeira vez a faculdade usou o método de laminação a vácuo. “Essa etapa do trabalho foi terceirizada. Conseguimos um patrocínio de uma empresa privada, após bater de porta em porta, em busca de recursos. Outras peças foram feitas por nós no Laboratório de Tecnologia Mecânica”, relembrou.
O próximo passo é retornar à prancheta, repensar o que não deu certo, abrir um processo seletivo para refazer a equipe e retornar ao trabalho de olho na próxima competição em 2020. A seleção será aberta a todos os estudantes da UFF, independentemente do curso ou da experiência prévia. “O importante é querer se empenhar e participar”, afirmou o estudante.
Ao participarem da IV Feira Municipal de Ciência e Tecnologia e Inovação de Niterói, promovida, em outubro de 2017, pela Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia e pela Fundação Municipal de Educação, o grupo soube da competição da NASA e da proposta de criar um veículo de exploração espacial a pedal. Para isso, receberam apoio financeiro de alguns patrocinadores: a Escola de Engenharia da UFF, o colégio Instituto Gay-Lussac e a Agência Espacial Brasileira (AEB).
Sassi ressaltou ainda que a competição proporcionou a eles a oportunidade de aplicarem o que foi estudado em sala de aula, transformando teoria em prática. Além disso, o evento internacional é um espaço precioso, no qual alunos interessados na área aeroespacial podem receber orientações e interagir com os raros profissionais atuantes na área. “É um lugar onde temos a possibilidade de ver ideias criativas sendo desenvolvidas e com aplicações no mundo real, como placas solares feitas de açaí e os veículos capazes de reduzir o espaço que ocupam”, finalizou.
Fonte: UFF