No ranking brasileiro de cidades acima de 100 mil habitantes que mais perderam moradores, São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, vem em terceiro lugar. O trânsito, a insegurança e a falta de qualidade de vida são alguns dos motivos apontados por quem decidiu se mudar.
São Gonçalo, que tinha quase 1 milhão de moradores, encolheu 10,3% entre 2010 e 2022. Agora, são 896.744 habitantes.
Uma família que saiu do município e se mudou para Niterói conta que um dos motivos foi o trânsito.
“Costuma-se dizer que São Gonçalo é outro país”, brinca o empresário Moisés Karran.
“Quando [o trânsito] estava muito bom, era 40 minutos [até o trabalho]. Isso de carro, né? E inicialmente a gente não tinha carro. Mas depois, esses 40 minutos viraram 1 hora, 1 hora e meia. Isso só pra ir”, fala a mulher de Moisés, a também empresária Karina Corrêa.
Antes longo, o tempo gasto para chegar ao trabalho passou a ser de 20 minutos.
“O que faz com que as pessoas saiam, na maioria das vezes, é a oportunidade de morar mais próximo do Rio de Janeiro, do Centro de Niterói, e de trabalhar em outros lugares também”, explica Moisés.
Já Carlos Silva trocou São Gonçalo por Ribeiro Preto, no interior de São Paulo. Para ele, o fator segurança pesou bastante.
“Por conta da violência, as empresas acabam saindo da cidade e os empregos vão ficando mais distantes. A gente tem que sair da cidade encarando trânsito, ônibus cheio pra ir pra outras cidades”, fala.
Para Mauro Osório, professor do Instituto de Geografia da UFRJ, não existe apenas uma causa.
“São Gonçalo é um município de 1 milhão de habitantes que está numa periferia metropolitana que é a mais precária do sul e sudeste, que precisa de prioridade nos investimentos. E o problema não é só segurança. Também é segurança, mas é um problema de falta de emprego, falta de infraestrutura, ou seja, é um problema sistêmico.”
Já na Baixada Fluminense, cinco municípios perderam habitantes. Duque de Caxias lidera a lista, seguida de São João de Meriti, Nilópolis, Paracambi e Mesquita.
Quem mais ganhou moradores no RJ
Na busca por qualidade de vida, algumas cidades fora dos grandes centros urbanos ganharam moradores.
O Censo observou que a Região dos Lagos e a Baixada Litorânea concentram oito dos dez municípios do estado que mais viram a população crescer.
Em terceiro e quinto lugares estão Macaé e Campos, no Norte Fluminense.
“Nas Baixadas Litorâneas e nesses municípios que estão crescendo mais têm dois motivos. Primeiro Maricá, por causa das políticas sociais. Rio das Ostras por causa do dinamismo do petróleo e por Macaé ter crescido para Rio das Ostras e de gente que vai trabalhar em Macaé e foi morar em Rio das Ostras.”
“E o restante da Baixadas Litorâneas é porque você tem o envelhecimento da população. Então, tem pessoas aposentadas que vão morar naquela região, que é agradável.”
Maricá entrou para a lista dos municípios que mais ganharam moradores. A população aumentou 55% de 2010 para 2022.
O motorista de aplicativo Nazareno Carneiro saiu de São João de Meriti para viver em Maricá.
“Principal atrativo é a cidade. A cidade é bonita, e qualidade de vida. Onde a gente morava a gente não tinha qualidade de vida devido à violência e outras coisas mais.”
A dona de casa Isabel Cristina também está adorando Maricá. Ela lista vários motivos que a fizeram deixar São Gonçalo.
“Em primeiro lugar foi a segurança porque há 4 anos as coisas estavam complicadas lá e nós viemos. O segundo ponto foi a qualidade de vida que a cidade consegue ainda nos oferecer.”
Crédito: g1.globo.com