Uma história de novela teve um final feliz no Rio de Janeiro: duas mulheres separadas há 38 anos confirmaram que são irmãs por meio de um teste de DNA que teve o resultado divulgado nesta quarta-feira (3). Simone Rodrigues e Regina dos Santos não se viam desde a infância, quando tinham respectivamente 4 e 6 anos.
A trama começou há quase quatro décadas. Bernadete, a mãe biológica das meninas, deixou Regina, a filha mais velha, sozinha em casa, em Campo Grande, na Zona Oeste, e foi até perto da feira de São Cristóvão, na Zona Norte, com a caçula. Essa foi a última notícia que se tem da mãe, que desapareceu.
“Minha mãe desapareceu, ela tinha problemas mentais, andava andava, mas sempre voltava para a casa, nesse dia ela não apareceu”, conta Regina.
Simone foi encontrada andando sozinha pelas ruas de São Cristóvão. Ela acabou sendo levada para um orfanato, onde foi adotada um ano e meio depois. Ganhou uma família nova, mas ainda tinha pequenas lembranças da infância e queria buscar o resto da sua história.
“Eu tive uma criação boa, meus pais me criaram muito bem, mas sempre fica com aquela dúvida na mente de saber suas origens, de onde você veio, quem são seus pais”, diz Simone.
Sua irmã, Regina, teve menos sorte. Foi adotada por uma vizinha quando a mãe desapareceu.
“Não me lembro de ter uma infância, de brincar com meus irmãos. A gente andava na rua, se alimentava do lixão, da feira”, conta a dona de casa.
Reviravolta
Simone não se lembrava que tinha uma irmã, mas queria notícias da mãe. A história da busca por Bernadete foi publicada em várias páginas de pessoas desaparecidas nas redes sociais. Um ano se passou e a mãe não apareceu, até que o roteiro teve uma reviravolta.
“Eu sempre publicava em grupos de desaparecidos. Dei entrada no processo da minha adoção e consegui os detalhes básicos, como o nome dos meus pais, para entender melhor a minha história. E nisso, uma pessoa que era vizinha da minha mãe viu essa história e começaram a comunicar todo mundo da família da minha irmã”, conta ela.
Uma prima de Regina que ficou sabendo da publicação contou que havia uma mulher com uma história muito parecida com a dela procurando a mãe. Por ser um pouco mais velha, Regina tinha lembranças da irmã mais nova.
As duas trocaram mensagens, se encontraram e não tiveram dúvidas.
“Toda a história batia com o que a minha irmã fala. Era idêntica a história. Não tinha como dar errado”, diz Simone.
No começo de outubro deste ano, Regina e Simone fizeram o exame, no núcleo de DNA da Defensoria Pública pra confirmar a já forte suspeita. O resultado saiu nesta quarta-feira (03) e foi exatamente como elas queriam: resultado positivo. Ninguém conseguiu segurar o choro.
“Daqui para frente, vamos só construir histórias boas”, diz Simone. “Quero histórias felizes, e amar muito ela, ter sempre ela pertinho de mim”, diz Regina.
Para Simone, o reencontro explica um antigo trauma que ela tinha: o abandono.
“Eu tinha um pensamento de que a minha mãe me abandonou. E ela não me abandonou. Então aconteceu alguma coisa que eu me separei dela, alguém me pegou dela, não sei. Fiquei mais feliz de saber que a minha mãe não me abandonou”, disse.