Parque em Itaboraí guarda tesouro milenar da Paleontologia

Vestígios raros: Cerca de dez mil fósseis já foram encontrados no Parque Paleontológico de São José
às
milenar
Réplica de uma preguiça gigante em exposição no Parque São José — Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

Viajar ao passado sem cápsula do tempo, encontrar tesouros de milhões de anos atrás. Tudo isso é possível em Itaboraí? Sim, Itaboraí guarda tesouro milenar. Onde fica o Parque Paleontológico de São José. O lugar, onde já foram encontrados cerca de dez mil fósseis, conserva vestígios raros. No museu há exemplares petrificados de alguns dos mamíferos mais antigos do Brasil, que começaram a surgir dez milhões de anos depois da extinção dos dinossauros. Nas paredes rochosas do sítio, há fósseis nunca tocados pelo homem e que podem ser observados a olho nu.

Ser referência no campo de pesquisas científicas fez Itaboraí receber o título de Cidade de Relevância Paleontológica Estadual. Foi em outubro, após a sanção de uma lei pelo governador Cláudio Castro (PL), proposta pelo deputado Guilherme Delaroli (PL).

A importância do município para a Paleontologia é tamanha que um termo derivado de seu nome passou a fazer parte da cronologia sul-americana das eras geológicas. O período Itaboraiense remete a um tempo da história do planeta entre 57 e 55 milhões de anos atrás.

Antiga Fábrica de cimento

A exploração do parque só começou há cem anos, quando um fazendeiro da região encontrou no terreno rochas de calcário — matéria-prima para construção civil. A área foi vendida em 1928 a uma empresa de cimento, que começou a extração de cal no local. O material foi usado em grandes obras do Rio, como na construção do Maracanã e da Ponte Rio-Niterói.

Durante a exploração do terreno, os primeiros fósseis começaram a ser encontrados e preservados. Em 1984, a extração foi encerrada e, seis anos depois, a prefeitura de Itaboraí declarou o local área de utilidade pública. Em 1995, o Parque Paleontológico de São José foi criado. Em 2018, foi transformado numa Unidade de Conservação.

Muitos dos animais achados em fósseis no sítio já foram extintos, entre eles o Rioestogotheriun, espécie de tatu mais antiga do mundo. O Carodnia, similar ao que hoje conhecemos como uma anta, também teve parte de seu esqueleto recuperada na região. O mamífero pesava 5 quilos, media dois metros de comprimento e, assim como as outras espécies, viveu no período Itaboraiense.

Fogueira de 8 mil anos

Mas o embaixador do local é quase um caçula do parque. A Eremotherium laurillardi, a preguiça-gigante, viveu em tempos mais recentes: entre 2 milhões e 10 mil anos atrás. Pesquisadores acreditam que ela pode ter tido contato com humanos. O crânio de Luzia, mais antigo fóssil humano do Brasil, que ficava exposto no Museu Nacional antes do incêndio de 2018, tinha 11 mil anos.

Gestor do parque paleontológico, o geólogo Luis Otávio Castro diz que em Itaboraí há indícios da presença humana em épocas próximas à de Luzia:

— Em Itaboraí já foram descobertos vestígios de uma fogueira de 8 mil anos.

Ele revela ainda que descreveu recentemente em sua dissertação de mestrado outra espécie exclusiva de Itaboraí: a Nanolophodon tutuca —batizada em homenagem à geóloga Maria Rodrigues, da Uerj, que tinha o apelido de Tutuca. Segundo o pesquisador, o bicho era um mamífero com cerca de 30 centímetros que se assemelhava a um porquinho-da-índia com cauda. Outra espécie local tem um nome científico que entrega seu tamanho: Minusculodelphis minimus— um parente antigo dos gambás, que tinha o dente com as mesmas medidas da ponta de um alfinete. Castro diz que os pesquisadores agora querem explorar mais os microfósseis.

— Costumo brincar que procurar fóssil é como buscar agulha no palheiro. Você sabe que está lá, devido às análises que faz, mas não sabe onde. Ainda há muito o que ser descoberto. É comum, na Paleontologia, chamar atenção para coisas grandes. E a gente acaba deixando de lado esses fósseis que são pequenos — conta.

Para incentivar a difusão da ciência entre os mais novos, o Parque Paleontológico fez uma parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) para contratar 20 talentos do Ensino Médio. Eles recebem uma bolsa de cerca de R$ 300 e auxiliam nas pesquisas científicas. Diariamente, crianças de escolas públicas e privadas também lotam o parque, que este ano deve bater recorde de visitações.

— Elas desenvolvem diversas habilidades e aprimoram os sentidos, como percepção tátil, escuta sensível e olhar atento, diante da beleza natural — conta Janete Viana Mendonça, coordenadora pedagógica da Escola Municipal Professora Maria Cristina Soares Fróes, em Itaboraí.

Fonte: extra.globo.com

Veja também: Detran.RJ divulga calendário anual de licenciamento de veículos em 2024 e nos acompanhe nas redes sociais.

Veja também

Foco da força-tarefa é a prevenção para receber o público estimado em 1,5 milhão pessoas no evento, que acontece no dia 4 de maio
às
Você conhece as regras para um passeio seguro com cães? Uma campanha educativa lançada pela prefeitura
às

Deixe aqui sua opinião

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.

Subscribe
Notify of
guest
1 Comentário
Oldest
Newest Most Voted
Inline Feedbacks
View all comments
trackback

[…] Veja Também Parque em Itaboraí guarda tesouro milenar da Paleontologia. […]

Últimas Notícias