Longe de estarem prontos, hospitais de campanha do Rio já apresentam sinais de deterioração

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Os problemas acontecem no momento em que o estado atinge 103,5 mil casos do novo coronavírus, com 9.295 mortes. Ontem, foram confirmados mais 2.624 infectados e 142 óbitos em 24 horas. Apesar de os números preocuparem, a unidade de Duque de Caxias, por exemplo, cuja inauguração já foi adiada três vezes, permanece fechada. No dia da visita, em 1º de junho, só estava erguida a lona. Equipamentos estavam amontoados na tenda principal, embaixo de goteiras.

NOVA IGUAÇU

A situação não é muito diferente do hospital de campanha de Nova Iguaçu, cuja inauguração foi adiada três vezes. Os deputados estiveram lá em 29 de maio, uma das datas anunciadas como de abertura, mas encontraram um cenário que não lembrava uma unidade de saúde. “Havia um verdadeiro canteiro de obras no entorno das tendas. Retroescavadeiras cavavam a rede de esgoto e auxiliavam o preparo da pavimentação do local. Toda a parte de saneamento estava incompleta”, diz um trecho do relatório. Até hoje, o local está fechado.

NOVA FRIBURGO

O hospital de Nova Friburgo, que teve três datas para inauguração anunciadas, foi vistoriado no dia 11 de junho. Na visita, o grupo constatou que o local está com a parte da estrutura adiantada, inclusive com sistema de esgoto e de rede de gás. Mas “não possui leitos nem equipamentos, nem climatização interna, o que gera goteiras dentro da unidade, inclusive na área do CTI”. Os responsáveis pela obra, segundo o relatório, garantiram que a climatização amenizará o problema.

CASIMIRO DE ABREU

O hospital de Casimiro de Abreu estava, em 17 de junho, “abandonado” e só tinha “divisórias, lonas e piso”. As goteiras eram tantas que deixavam poças na tenda principal. No mesmo dia, a unidade de Campos de Goytacazes foi visitada. O quadro era de obra abandonada. “Logo na entrada do terreno, havia materiais de piso expostos ao tempo”, diz o relatório.

SÃO GONÇALO E MARACANÃ

Mesmo nos dois únicos hospitais de campanha que estão em funcionamento, o do Maracanã e o de São Gonçalo, a vistoria listou falhas. A unidade do Maracanã recebia menos pacientes do que podia. Na unidade de São Gonçalo, inspecionada no fim do mês passado, foram constatadas “inúmeras obras sendo realizadas no local, como a instalação da rede de esgoto”. Aberta em 19 de junho, a unidade estava destinada a receber 200 pacientes, 80 deles na UTI, mas só tem dez internados, total de respiradores de que dispõe.

As inspeções foram feitas pelo deputado estadual Renan Ferreirinha (PSB), relator da comissão. O relatório, aprovado ontem por unanimidade, dá 48 horas para que o governo estadual informe as despesas já realizadas no combate ao vírus.

“Nossas vistorias dão conta de que a estratégia de ampliar a capacidade de atendimento na rede pública durante a pandemia não passou de proselitismo político. O suposto cronograma das inaugurações não passou de um mero protocolo de intenções, visto que não houve qualquer correspondência com a realidade”, disse Ferreirinha.

O documento foi encaminhado ao Ministério Público e à Defensoria Pública do Estado. A Secretaria estadual de Saúde informa em nota que há 17 leitos ocupados no hospital de São Gonçalo, e 59 no do Maracanã.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informa que, atualmente, 17 leitos estão ocupados no hospital de campanha de São Gonçalo, sendo 13 de enfermaria e 4 de UTI. Já no hospital de campanha do Maracanã, há 59 leitos ocupados, sendo 24 de enfermaria e 25 de UTI.

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