Mãe diz que seu bebê ficou com paralisia cerebral no hospital onde mulher teve a mão amputada

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Camilla Porto, de 27 anos, afirma que sofreu violência obstétrica quando foi ter seu filho no Hospital da Mulher Intermédica Jacarepaguá, onde uma mulher acabou com a mão amputada depois de um parto normal, em Jacarepaguá, na Zona Oeste da capital fluminense.

Luca, de 3 anos, nasceu em 2019 e, devido à falta de oxigênio no cérebro durante o parto, ficou com paralisia cerebral. De acordo com a mãe, durante todo o pré-natal Luca era um bebê saudável.

“Eu tinha plano de saúde, a médica [do Hospital da Mulher Intermédica Jacarepaguá] acompanhou toda a minha gravidez. Eu queria muito parto normal, mas não ia me opor a uma cesariana caso fosse necessária. Ela sempre disse que eu não ia aguentar a dor, esse tipo de coisa. Ela não queria nem aceitar a entrada da doula”, conta Camilla.

Depois de sentir as primeiras contrações, a jovem conta que acionou a médica, que manteve contato durante todo o tempo. A doula acompanhou a evolução das contrações enquanto ainda não era hora de ir para o hospital e monitorando os batimentos cardíacos do bebê.

“Assim que eu cheguei no hospital, ela botou um soro na minha veia e eu comecei a sentir uma dor absurda. Ela disse que era Buscopan, mas não tinha como ser. A doula falou que deveria ser ocitocina. A dor foi acabando comigo, tirando meu consciente”, relembra a mãe.

Camilla conta que, pouco depois, o parto começou antes do que deveria.

“Eu estava com 9 de dilatação, e ela começou a pedir para eu fazer força, mas ainda não estava na hora. Ela disse que o Luca não estava encaixado, mas na verdade ele não tinha espaço para sair. Ela disse que ia fazer uma manobra e me anestesiar caso precisasse fazer uma cesariana se ele não encaixasse. A gente não sabe o quanto de anestesia ela me deu porque eu parei de sentir tudo, não sentia nem a contração mais”, afirma.

Logo depois disso, segundo Camilla, as violências obstétricas começaram.

“Ele entrou no meu canal e começou a ficar sufocado ali. Elas não estavam monitorando o Luca, elas amarraram a minha perna e mandaram eu puxar, mas eu não estava sentindo nada. Nisso minha barriga parou de contrair, foi a hora do desespero total porque significa que a criança está em sofrimento fetal. Eles viram ali que ele estava sofrendo”.

“No desespero, ela cortou minha vagina para ver se ele saía. Mesmo com anestesia, eu senti e gritei de dor. Ela colocava a mão lá dentro, e eu sentindo dor. E nada de ele sair, ele desmaiado, sem ter o que fazer, sem oxigênio”, narrou.

“Eles colocaram aquele ferro para buscar a cabeça dele e não conseguiram. Elas subiram na minha barriga para empurrar ele e nada. Uma terceira médica que teve que vir e conseguiu tirar ele com o ferro”, afirmou ela.

Conforme Camilla conta, o bebê nasceu desmaiado e sofreu seis convulsões em seguida. Ele foi colocado em coma induzido e entubado. A mãe só pôde vê-lo no período da noite.

“O parto não foi demorado, mas o tempo que ele passou sem oxigênio causou muitas lesões no cérebro dele. Eles ficaram falando que ele estava bem, que nada tinha acontecido com ele”, afirma a mãe.

Camilla afirma ainda que as violências não foram só no parto, mas durante a internação também. Ela precisou ficar internada por dez dias para tratar de uma infecção pós-parto enquanto Luca passou 38 dias internado.

“Ele ficou em coma induzido por umas três semanas, e as enfermeiras não trocavam ele de posição. Gerou uma escara. Sabe como tratavam? Apenas com uma fita adesiva. Outro dia eu cheguei lá ele estava com o bumbum em carne viva da fralda. Eu saía de lá, ele estava se esgoelando, voltava, ele estava se esgoelando. Meu filho chorando, eu não queria deixar ele lá”, relembra.

Na época do parto, a unidade ainda se chamava Hospital Amiu Jacarepaguá, porém pouco depois foi comprado e passou a se chamar Hospital da Mulher Intermédica Jacarepaguá, unidade hospitalar na qual uma mãe que teve seu bebê de forma natural teve a mão amputada depois de erros médicos.

Segundo a mãe, eles só foram saber que o bebê sofreu a paralisia cerebral depois que ele teve alta, mais de um mês depois do nascimento.

“No hospital não falaram nada para a gente, disseram que ele estava bem a todo momento e que ele estava com outras complicações”, afirma.

O processo que a mãe moveu contra a clínica corre sob sigilo.

Depois de tudo isso, Camilla passou a compartilhar a sua rotina nas redes sociais e emocionou milhares de pessoas com a garra dela e do pequeno Luca, que mesmo com paralisia tem tido avanços no seu desenvolvimento.

O que diz o hospital

Em nota, o Hospital da Mulher Intermédica Jacarepaguá afirmou que “tem todo o interesse em colaborar de forma oficial para a elucidação das denúncias somente agora apresentadas”.

“Na hipótese de comprovadas eventuais responsabilidades, os envolvidos serão punidos na forma da lei.”

Crédito: g1

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