Apesar do pedido de desculpas do governador em exercício, Cláudio Castro, e da previsão de normalização do abastecimento da água para a tarde desta quarta-feira, até o momento, moradores do Rio seguem sofrendo com o mau cheiro e o gosto de terra. Porém, a coloração escura presente na água há dias atrás, já está mais clara, segundo consumidores.
Fernanda Dias, moradora de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, relatou que desde o dia 21 de janeiro, a água está turva e com cheiro e gosto de terra. Nesta quarta-feira, a coloração da água chegou mais clara na casa dela, mas o cheiro e o gosto permanecem os mesmos.
A fotógrafa e a família pararam de consumir a água que chegava na torneira assim que começou o problema, mas estão gastando o dobro, já que estão tendo que comprar galão de água e ainda pagando a conta da Cedae, que chega todo mês. “Estamos comprando galão de água. Eu me sinto desrespeitada. Acabo pagando por duas contas. Por um serviço que não me atende. É um gasto a mais”, disse.
Assim como a Fernanda, a Rose Santos, moradora da Estácio, na Zona Central, está tendo que comprar água para beber, fazer comida e tomar banho.
“A água continua péssima, com gosto e cheiro ruim”, disse. “Eu me sinto mal mesmo, porque estou desempregada no momento. Estou trabalhando de faxina quando aparece, então quer dizer nem tenho como ficar comprando água mineral, mas fazer o que?”, disse.
Na Zona Norte do Rio, o problema da água também continua. Mário Jorge Rodrigues, morador do bairro Encantado, relatou ao DIA que desde o final do ano passado a água está com gosto de terra e coloração escura, mas nesta quarta-feira, está saindo mais clara da torneira.
Para poder consumir a água que chega em casa, Mário está tendo que ferver a água para fazer uso normal. Ele também disse que foi preciso trocar a tubulação da rua onde mora, que tinha mais de 50 anos.
Em busca de soluções:
A deputada estadual Adriana Balthazar (NOVO) está requerendo informações sobre a Cedae quanto à solução dos problemas com a água que atingem tanto a cidade do Rio quanto a Baixada Fluminense. A parlamentar visitou, na última quinta-feira (4), a Estação de Tratamento de Água (ETA) Guandu para entender a crise e buscar uma solução.
“Como cidadã e em prol da cidade do Rio, eu fui lá. Eu não posso ficar sem fazer nada em uma situação recorrente. A estação é uma das mais excelentes do mundo para tratar água, não para tratar esgoto e é isso que está acontecendo. Já tem um projeto de uma barragem, mas não se sabe como anda esse projeto. Então, entrei em contato com o Governo do Estado sobre o projeto e ainda não obtive respostas”, disse a deputada.
Previsão de normalização do abastecimento de água
Em vídeo publicado nas redes sociais, o governador em exercício, Cláudio Castro, pediu desculpas para a população por conta da crise da água e disse que a Cedae deve normalizar o serviço até esta quarta-feira.
“Eu queria pedir perdão a você. Como governador em exercício é nossa obrigação que todos os serviços públicos, inclusive a água, cheguem na sua casa sem problema algum. Infelizmente, essa é uma questão estrutural da Cedae, que a gente vem tentando trabalhar ano a ano. A resposta que a Cedae me deu é que até quarta-feira a situação está 100% normalizada”, falou.
As regiões abastecidas pela estação ETA Guandu foram interrompidas de maneira preventiva pela Cedae na noite deste último sábado (6), no período aproximado de 19h até 5h. A ação foi feita para evitar o aumento do número de algas na lagoa próxima a estação de tratamento que cresceu nos últimos dias.
Segundo a Cedae, a manobra de abertura das comportas para a renovação das águas que entram na ETA do Guandu atingiu seu objetivo. “Desta forma, a água que está saindo da estação já não apresenta as características de cheiro e gosto da geosmina/Mib”.
A mudança começará a ser sentida pela população logo que esta nova água chegue a suas casas, de acordo com a empresa. “Lembrando que nos casos de coloração da água, os clientes devem entrar em contato com a Cedae para que técnicos possam ir até o local, afinal são casos que dependem da rede de distribuição de cada consumidor, devendo ser analisado caso a caso”, disse em nota.
A companhia reforçou que, além desta recente manobra, tem usado carvão ativado para reduzir a geosmina/Mib; aplicado argila ionicamente modificada para combater a proliferação das algas que causam a geosmina/Mib; feito monitoramento de espécies e quantidades algas e da presença de geosmina/Mib com maior frequência; contratado laboratórios especializados para análises de gosto, cheiro e geosmina/Mib; e dialogado com o Ministério Público e a Defensoria Pública sobre a relação de consumo entre a companhia e seus clientes.
“A companhia ainda assumiu a responsabilidade pela realização da obra Proteção da Tomada d’Água que vai resolver, de forma definitiva, os problemas na captação. Orçado em R$ 120 milhões, o projeto será licitado dentro de três meses”, afirmou a Cedae.
Fonte: meiahora.com.br