Prefeitura de Cabo Frio anuncia projeto de Lei para a criação da Moeda Social Itajuru

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A Prefeitura de Cabo Frio, na Região dos Lagos, anunciou um projeto de Lei para a criação da Moeda Social Itajuru. A inspiração veio de Maricá, onde circula uma moeda própria, a Mumbuca, beneficiando famílias de baixa renda e comerciantes.

O projeto foi enviado para aprovação da Câmara Municipal pelo prefeito José Benifácio. Se aprovado, o município pretende iniciar o programa pelo bairro Manoel Corrêa. A votação na Câmara deve ocorrer nesta terça-feira (15).

O programa

A Prefeitura explica que para viabilizar o programa de transferência de renda, estão sendo cadastradas famílias e pontos comerciais do Manoel Corrêa.

“Na primeira fase, o objetivo da Prefeitura de Cabo Frio é destinar, por mês, 200 Itajurus, equivalente a R$ 200, para 500 famílias em situação de pobreza. Os valores poderão ser gastos em lojas cadastradas. Até o momento, cerca de 120 pontos comerciais foram inscritos“, divulgou o município.

Têm direito ao benefício famílias que possuem o cadastro no CadÚnico do Governo Federal.

A Prefeitura pretende expandir o projeto para outras áreas da cidade, com o objetivo de reduzir a desigualdade social e fomentar a economia das comunidades locais.

“Programas de renda básica são utilizados em todo o mundo como ferramenta de redução da desigualdade social, e vêm sendo ainda mais necessários durante a pandemia do novo coronavírus”, ressalta a Prefeitura.

Inspiração em moeda social de Maricá

A Moeda Mumbuca foi adotada em Maricá, que fica a cerca de 100 km de Cabo Frio, no ano de 2013.

“A Moeda Social Mumbuca surgiu com a ideia de criar um programa de transferência de renda aos moldes do Bolsa Família, para diminuir as desigualdades sociais e gerar renda para famílias carentes do município. Junto disso, foi constatada a necessidade de fazer com que esse dinheiro investido permanecesse na cidade. Por isso, criamos a moeda, para poder fazer toda a roda da economia da cidade girar, gerando crescimento econômico. Isso permitiu que neste momento de pandemia, por exemplo, Maricá tenha sido a única cidade do Estado do Rio que cresceu em número de empregos formais, de acordo com com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Governo Federal”, explica o vice-prefeito de Maricá, Diego Zeidan.

Nas ruas de Maricá é comum ler em placas, adesivos, toldos, banners e letreiros a seguinte frase: “Aceitamos Cartão Mumbuca”.

Aderiram a iniciativa negócios como barbearias, quitandas, restaurantes, farmácias, lojas de material de construção, papelarias, lojas de eletrodomésticos, quiosques de açaí, tapiocarias, venda de panos de prato, e até barraquinha de cachorro-quente.

“No início foi muito difícil convencer a população sobre os benefícios que a moeda traria. Tudo começou com 400 famílias cadastradas e apenas dois comércios que se interessaram pelo projeto. Hoje temos mais de 10 mil comerciantes cadastrados e 43 mil famílias no sistema. Hoje, em Maricá, temos mais comércios aceitando a mumbuca do que cartões de crédito e débito convencionais. Não tenho dúvidas que a Moeda Social Itajuru, que será implementada em Cabo Frio, vai ser um sucesso, porque vai levar para os cidadãos os mesmos benefícios que hoje nossa cidade recebe. Toda essa proteção econômica que Maricá conseguiu neste momento de pandemia foi graças à Mumbuca e ao nosso banco comunitário”, disse o vice-prefeito de Maricá.

Jandira Freire aceita a mumbuca em seu quiosque de salgadinhos, doces e biscoitos. Ela conta sobre os benefícios.

“A cidade começou a se arrumar depois da criação da Mumbuca, porque somente o Bolsa Família não era suficiente. Aí juntou com a moeda, que é aceita em todo o município, e nos ajudou demais. Até aqui, na minha vendinha, a maioria das pessoas já vêm com o cartão na mão. Fico feliz que em Cabo Frio terá a Moeda Itajuru, que vai ajudar muitas famílias assim como a Mumbuca ajuda todos os cidadãos aqui de Maricá”, contou a vendedora.

Robson Gama tem uma barbearia em Maricá. Ele explica que mais da metade dos seus clientes utilizam a Moeda Social.

“Cerca de 60% dos meus clientes utilizam a Moeda Social aqui na barbearia. Assim que abri minha loja, deixei de atender muitos clientes por ainda não ter me cadastrado na Prefeitura para receber a Mumbuca. Depois que entrei, meu faturamento aumentou muito. O dinheiro cai direto na conta do Banco Mumbuca e depois disso posso fazer a transferência para o banco que eu quiser ou utilizar no comércio em geral. É muito mais vantajoso financeiramente utilizar a moeda do que os cartões convencionais. A moeda veio para mudar minha vida e tenho certeza que a Itajuru vai beneficiar os cabo-frienses assim como ajuda os comerciantes e moradores aqui de Maricá”, finalizou.

Fonte: g1.globo.com

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